domingo, 19 de outubro de 2008

Canteiro de Flores

Era um canteiro que ficava na janela.

Cheio de flores coloridas, chamavam-se Onze Horas,

e como seu nome, abriam-se àquela hora,

alegrando o final da manhã.

Amarelas, brancas, laranjas, rosas...

Flores de sementes cuidadosamente plantadas,

com amor e carinho.

Lembravam o pedacinho lúdico,

que ainda restava dentro de mim.

Enchia-me de alegria vê-las pela manhã

e corresponder ao sorriso que sempre me davam,

quando abria a janela nos intervalos do trabalho.

Mas o tempo passou e as coisas se modificaram,

não havendo mais espaço para o canteiro,

que foi esquecido debaixo da escada, onde não havia luz.

Dois anos se passaram e revirando debaixo da escada,

o canteiro foi encontrado.

Apenas um torrão de terra seca e sem vida...

Por acaso, exposto ao sol e a chuva,

sem qualquer cuidado ou tratamento,

exibiu na primeira semana:

Pequenas folhas verdinhas;

Na terceira semana:

Tímidas flores coloridas;

E no final do primeiro mês:

Era o mesmo canteiro de flores

exuberantes e sorridentes, o que me deixou maravilhada

e ao mesmo tempo arrependida de ter desistido do canteiro...

Quantas sementes boas temos guardadas em nossos corações?

Quantas lembranças boas, quanto sorriso, quanto desejo,

quanta força...

Porque permitimos que as lutas diárias,

que as pedras do caminho nos impeçam de florir...

Porque pacificamente, dia-a-dia nos tornamos

canteiros de terra seca, infrutíferos, cabisbaixos

e sem perspectivas?

Olhe dentro de você e verás que há sementes

esperando apenas um pouco de luz e calor

para florescer...

É só se dar uma chance.

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