“No mundo passais por aflições,
mas tende bom ânimo,
eu venci o mundo.”
Jesus
Quando naquela tarde de verão Celinda recebeu a notícia de que o filho Alfredinho havia sido assassinado, e o corpo dele jogado em um matagal, ela apenas gritou: “Não pode ser meu filho!”
De fato, não era. Horas depois ele chegava em casa, encontrando-a em estado de choque.
Levada ao pronto socorro local, foi medicada. Porém, os dias passavam e ela mais se enterrava no mutismo. Nada ouvia. Estava em um total estado de alienação.
Sequer notava a presença do filho, dos familiares, ou vibrava com as orações vindas dos mais diversos segmentos religiosos.
Foi então necessária uma internação, da qual saiu da mesma forma que entrou.
Um dia, chamaram-me para vê-la, na esperança de que eu pudesse fazer algo em termos de energização. Embora já tivesse ciência da seriedade do caso de Celinda, chocou-me o seu estado físico e mental. Já havia emagrecido dez quilos em um mês. Muda, paralisada, murcha.
O tempo ia passando, e mais ela se acabando. Deitada no leito, parecia uma trouxinha de roupa, tão magrinha e dobrada que ficara após o choque brutal.
Há uma semana, exatamente três meses após a ocorrência, ela partiu.
Ainda ecoa na alma dos amigos aquela sua última frase: “Não pode ser meu filho!”
Quem levou a notícia equivocada? Ninguém comenta sobre o fato. Seria como uma condenação por assassinato.
Esse episódio me fez pensar profundamente no modo como nos relacionamos com as pessoas em nosso dia a dia.
Que saibamos refletir, frear nossos ímpetos antes de quaisquer ações, para que não ceifemos vidas, nem perturbemos mentes.
Que não sejamos os últimos, em termos espirituais, na ânsia de sempre ser os primeiros...
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