domingo, 27 de janeiro de 2008

O avô e o neto

Um frágil e velho homem foi viver com o filho, a nora e o neto de quatro anos. As mãos do homem tremiam, a vista era embaralhada e o seu passo hesitante.
A família comia à mesa, mas, para o avô ançião, aquele era um ato que se tornara bastante difícil: derramava o leite na toalha, os alimentos caiam da mesa para o chão...
A bagunça que se formava foi irritando fortemente o filho e a nora. "Nós temos que fazer algo sobre o vovô", disse certo dia o filho. "Já tivemos bastante do seu leite derramado, ouvindo-o comer ruidosamente, e muito da sua comida no chão".
Assim, o marido e a esposa prepararam uma mesa pequena no canto da sala. Lá o avô comia sózinho, enquanto o resto da família desfrutava o jantar. Desde que o avô quebrara dois pratos, a comida dele vinha servida em uma tigela de madeira.Quando a família olhava de relance na direção dele, às vezes, percebia uma lágrima em seu olhar, por estar só. Ainda assim, as únicas palavras que o casal tinha para ele eram de advertências acentuadas quando ele derrubava um garfo ou derramava comida.
O neto de quatro anos assistia a tudo em silêncio. Uma noite, antes do jantar, o pai notou que seu filho estava brincando no chão com sucatas de madeira. Ele perguntou docemente para a criança: "O que você está fazendo?". Da mesma maneira dócil, o menino respondeu:
"Oh, estou fazendo uma pequena tigela para você e mamãe comerem sua comida quando eu crescer". E voltou a trabalhar.
As palavras do menino golpearam os pais, que ficaram mudos. Então, lágrimas começaram a fluir nos rostos deles. Apesar de nenhuma palavra ter sido falada, ambos souberam o que devia ser feito. Aquela noite o marido pegou a mão do vovô e, com suavidade, o conduziu à mesa familiar.
Para o resto de seus dias de vida, ele comeu sempre com a família. Por alguma razão, nem o marido nem a esposa pareciam se preocupar mais quando um garfo era derrubado, ou o leite era derramado, ou a a toalha ficava suja.
As crianças são relativamente perceptivas. Os olhos delas sempre observam, os ouvidos sempre escutam e suas mentes processam as mensagens que elas observam. Se elas nos vêem pacientemente providenciar uma atmosfera feliz, em nossa casa, para nossos familiares, elas imitarão essa atitude para o resto de suas vidas.
O pai sábio percebe diariamente que o alicerce está sendo construído para o futuro da criança. Sejamos sábios construtores do bem em nossas funções.

1 comentário:

Anónimo disse...

Então Frei Aldo Colombo, de passagem por aqui tive a graça de ler a mensagem que postou. Que maravilha, quanto ensinamento ela assegura. Pena que a sociedade não anda tendo tempo para refletir sobre algo tão simples e ao mesmo tempo tão profundo e acalentador para a humanidade. O exemplo da sensibilidade e da autencidade das crianças. Um forte abraço, adorei, sinceramente ter podido ler esta mensagem. Parabéns pela escolha.