terça-feira, 3 de março de 2009

EDUCAÇÃO LIBERAL

O doutor João Peixoto conversava com amigos na sala de visitas de sua residência.

Era advogado de talento. Cultura aprimorada. Defendia idéias bastante liberais a respeito de educação de filhos.

— Sou contra a educação religiosa de crianças. Isto é imposição de idéias. Penso ser melhor escolherem, quando adultos.

— Educação de filhos é séria responsabilidade, doutor Peixoto. Sabemos que são espíritos que nos buscam a orientação e o amor, na fase da infância. É importante que conheçam a conduta correta e o amor ao próximo, como ensina Jesus. Quem interpelava era José Inácio, que ali se encontrava com os companheiros, em busca de auxílio para a construção de um prédio, destinado a aulas de moral cristã.

— Não concordo. Meus filhos receberam plena liberdade. São donos de si. Penso que desta maneira aprenderão por conta própria.

Entretanto, no decorrer da conversa, toca o telefone. O advogado levanta-se e atende. Ouve atentamente. Torna-se trêmulo. Responde por monossílabos. E depois de algum tempo, desliga afobado.

Interpelado pela esposa impaciente, só tem tempo para dizer:

— Nosso filho está no Pronto Socorro do bairro. Foi acidentado.

Apostava corrida com os amigos e capotou o carro. Está gravemente ferido. Atropelou várias pessoas.

Ainda não acabara de falar, quando tomou a esposa pelo braço e rumou para a porta de saída, enquanto era seguido pelo amigo em prece silenciosa.

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