segunda-feira, 2 de março de 2009

TU E A VOZ

O talento da alma, quando fundida e refundida nas hostes do amor, faz com que o verbo se

ilumine, alcançando maior clarão que os sóis e as estrelas, por ser consciente na difusão do bem

que nunca morre. Todos temos a nossa melodia no ato de falar, sons esses conhecidos pelos nossos

amigos. É uma marca irremovível, quando usamos esse valoroso meio de comunicação. A tua voz dirá

que ali estás, sem que menciones o próprio nome. Procura, pois, seres reconhecido como a voz do bem,

aquela que levanta os caídos e conforta os tristes, cura os enfermos e acalma os desesperados, que

assim estarás sempre com Deus, e Ele sempre contigo, em expressão mais visível. Sê moderado no

preâmbulo da tua fala, pois a palavra educada é economia de força. Conserva toda a conversação

com a disciplina que o assunto requer; os pensamentos são energias que a vontade modela e o Espírito

é o escultor das suas próprias idéias, tornando-as harmonias pelas portas dos lábios. Essa música

poderá ficar imortal com a utilidade cósmica de Deus, para a paz de todos.

Em Atos dos Apóstolos, capítulo treze, versículo quarenta e quatro, encontramos a grandiosidade

da palavra a atrair e educar toda uma cidade: “No sábado seguinte, afluía quase toda a cidade para ouvir

a palavra de Deus”. Essa palavra era consubstanciada no amor, envolvida na caridade e carregada

qual árvore frutífera, de suculentos fluídos de alegria cristã.

Desejamos que já tenhas despertado em ti o ponto que queremos desabrochar e o tesouro que

tens é que pode sair da tua boca como doação divina, sem que percas um só gramado do teu conteúdo

de vida, pois, quanto mais deres, mais enriquecerás o teu manancial; que o amor que veste variadas

roupas para servir, em todas as latitudes da criação do Senhor, já habite o teu coração.

Ao fim do dia, devemos avaliar o que falamos aos outros, verificando se a prudência nos

acompanhou segundo a segundo nas nossas conversações; ver o que erramos, para que no dia

seguinte o reparo venha decididamente modificar, se for o caso, o tom da voz e o assunto ventilado.

Se ferimos alguém, revistamo-nos de humildade para as desculpas e assim corrigiremos impulsos e

apararemos arestas, para que o homem alcance a condição de super-homem, com alguns sinais dos anjos.

Cuidar do que falamos é higienizar a mente, para que os pensamentos tomem novas formas

de comunicação e as palavras, modalidades diferentes de expressão. É óbvio que o detrator desconhece

a si mesmo, esquece ou ignora que todo maldizente cria em torno de sua personalidade uma atmosfera

áspera, degradante, sujeita a ferir profundamente o seu próprio dono. Por que criticar os nossos

semelhantes, se temos erros múltiplos a reparar? Por que insistir em avivar faltas alheias, se intentamos

esconder as nossas? Por que falar das fraquezas dos outros, quando carregamos um fardo

multissecular de inferioridades deprimentes? O ofensor desconhece que todas as suas agressões

nascem dos mesmos erros que combate nos seus irmãos. Quando a tua consciência começar a

refletir na tua mente os entulhos imprestáveis do mais profundo, sentirás vergonha de ti mesmo,

passando a esquecer e desculpar o maldizente, porque assim procedias antes de despertar para o amor.

Deveremos abençoar o mestre tempo que, através do espaço, vem nos amoldando, de sorte a

preparar-nos, no sentido de que a nossa voz soe, falando bem alto, das qualidades nobres dos

companheiros que nos seguem, e daqueles que acompanhamos. E a boca, com o instrumento

incomparável da língua, dará nascimento a uma nova era: a era do Espírito, servindo de canal para que

o Cristo converse com a humanidade.

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