sexta-feira, 13 de março de 2009

UMA CENA NA AVENIDA

A grande avenida atingira o clímax do movimento.

Ônibus, apinhados de gente, passavam rápidos.

Carros exibiam buzinas estridentes.

Pessoas transitavam apressadamente.

Na calçada, perto da esquina, pobre homem esmolava. O rosto emagrecido relatava a profunda miséria. As vestes em frangalhos denunciavam a longa e dolorosa estrada. As pernas mostravam varizes abertas em úlceras, necessitadas de tratamento urgente.

O homem pedia socorro.

Transeuntes passavam desatenciosos.

Muitos paravam e logo seguiam. Outros viravam o rosto, em gesto de defesa. Outros ainda mudavam o rumo.

Pouco depois, porém, um camelô instalou-se na esquina.

Anunciava os produtos com grande algazarra.

Contava piadas entre uma e outra oferta.

O povo parava e ajuntava-se.

Curiosos acotovelavam-se, procurando ver melhor.

E logo se fez grande aglomerado.

Quase nunca ouvimos os apelos da caridade.

Despercebemos o chamamento ao serviço do bem.

Alegamos falta de tempo para a assistência aos sofredores.

Contudo, basta que ouçamos o convite aos prazeres e às futilidades, para que nos movimentemos logo e disputemos os primeiros lugares.

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