A grande avenida atingira o clímax do movimento.
Ônibus, apinhados de gente, passavam rápidos.
Carros exibiam buzinas estridentes.
Pessoas transitavam apressadamente.
Na calçada, perto da esquina, pobre homem esmolava. O rosto emagrecido relatava a profunda miséria. As vestes em frangalhos denunciavam a longa e dolorosa estrada. As pernas mostravam varizes abertas em úlceras, necessitadas de tratamento urgente.
O homem pedia socorro.
Transeuntes passavam desatenciosos.
Muitos paravam e logo seguiam. Outros viravam o rosto, em gesto de defesa. Outros ainda mudavam o rumo.
Pouco depois, porém, um camelô instalou-se na esquina.
Anunciava os produtos com grande algazarra.
Contava piadas entre uma e outra oferta.
O povo parava e ajuntava-se.
Curiosos acotovelavam-se, procurando ver melhor.
E logo se fez grande aglomerado.
Quase nunca ouvimos os apelos da caridade.
Despercebemos o chamamento ao serviço do bem.
Alegamos falta de tempo para a assistência aos sofredores.
Contudo, basta que ouçamos o convite aos prazeres e às futilidades, para que nos movimentemos logo e disputemos os primeiros lugares.
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