quinta-feira, 2 de julho de 2009

Cantiga da Gratidão

Já não quero senão entendimento.
Graças te dou, Jesus, porque me ensinas
Que o teu amor, em tudo, é sempre grande,
Ainda mesmo quando se te expande
Na beleza das cousas pequeninas.

Sei que vivo distante do heroísmo
Que vejo fulgurar, entre as almas de escol,
Mas posso ser o apoio em que se tente
Socorro e proteção a uma planta doente
Para que não lhe falte a carícia do Sol.

Não consigo extinguir a penúria na Terra,
Entretanto, Senhor,
No espinheiral de luta em que ainda me embrenho,
Posso partir, sem mágoa, o pão que tenho
Para um gesto de amor.

Quantas lições me mostras no silêncio!...
A da semente enriquecendo o chão,
A das provas cruéis numa prece a vencê-las,
A da vela na noite sem estrelas,
Expulsando a tristeza e a escuridão...

Lembro a história de antigo fio d'água
Que criou no deserto amorável jardim,
Lembro a lagarta e a seda, nobre e rara,
A perola e a concha que a formara
Por lágrima de luz crescida em dor sem fim...

Penso na areia resguardando o rio,
Na pedra que se oculta, assegurando o lar,
Na raiz da roseira, às vezes, sob estrume,
Para que a rosa em vagas de perfume
Possa elevar-se à vida, existir e bilhar.

Observo e registro os meus empeços
Que o passado de débitos me traz,
Mas posso ser na fé que hoje me alcança
Uma simples tarefa, um toque de esperança,
Uma palavra boa e um sorriso de paz!...

Estou feliz, Senhor, porque me ergueste,
Serva que por teus servos se conduz,
E porque rogo luz sem que a treva me tome,
Por trazer em minhalma a bênção de teu nome,
Agradeço, Jesus!...

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