sábado, 19 de janeiro de 2008

SABEDORIA

Gastamos o intervalo de tempo
a que vida chamamos
em busca do sentido, procurando
nos hiatos do universo
as nossas razões.
Do sussurro do regato ao estrondo da cascata,
do sorriso de um dia de sol
às lágrimas copiosas da tristeza
mesclada de cinza de um dia molhado.
Do afago carinhoso da brisa estival
à fúria ciclónica da monção,
da vela enfunada que deu novos mundos
à farinha moída que nos dá o pão.
Da chama que brilha zombando das trevas
que a mente invade,
às áreas ardidas pela ambição.
Do cheiro molhado da terra
revolta pelos pés descalços que saboreiam
a doce frescura que nos alimenta,
às dunas de sonhos que te protegem
das áridas mentes que te rodeiam.
Do sentir sentido das emoções
que te dominam,
às ânsias ardentes da esperança
silente que em ti permanece.
De que fizemos, por que fizemos, onde fizemos?,
e nosso mundo se desvanece
em busca do porquê.
E agora que o tempo usaste
para descobrires,
estás mais sábio: sabes a razão de muito!
Sábio é aquele que contempla
sem perceber...
que aproveita sem entender...
que goza nos ténues fios da teia da vida
sem se deter...
que no seu íntimo encontra
o equilíbrio das emoções
e o partilha...
que é um na natureza.
E este, quando esta etapa se escoa,
não desperdiçou o tempo.

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