domingo, 3 de fevereiro de 2008

A CHAVE

“Batei e abrir-se-vos-à.”



O ensinamento evangélico brilha soberano, em qualquer situação e em qualquer tempo.

Entretanto, sempre que a nossa solicitação reclame auxílio e oportunidade, é imperioso não esquecer a chave do esforço próprio.



Não bastará simplesmente pedir.

É necessário merecer.



E, em parte alguma, surge o mérito sem árduo zelo na desincumbência dos deveres que a vida nos confere.

Vejamos o livro da natureza em que o trabalho e a realização constituem mensagens de cada dia.

Sem o suor de quem semeia, a colheita não passaria de um sonho e sem os calos da mão que ara a gleba, a sementeira jamais surgiria vitoriosa.

Sem o sacrifício da árvore que entesoura as bênçãos do sol, o campo não seria mais que terra seca, e sem a preocupação do artífice que desbasta a madeira bruta, a utilidade doméstica não nos socorreria a experiência comum.



Tudo na vida é cooperação, interdependência, concessão recíproca e amparo mútuo para aqueles que a enobrecem, a fim de serem por ela própria enobrecidos.

A fonte auxilia o solo, o solo ampara a semente e a semente produz o bom grão, que, mais tarde, se transforma em sustento real da floresta de que a fonte retira a proteção e a defesa.



Não nos aventuremos a pedir, sem dar de nós mesmos.



A prece é, sem dúvida, a escada luminosa de intercâmbio entre a Terra e o Céu, mas se os homens que insistem pelo favor dos anjos não se dispuserem à colaboração com eles, na obra de regeneração e sublimação do mundo, a escada mística seria apenas um monumento erguido à viciação e à ociosidade.



“Batei e abrir-se-vos-à” repitamos com o Evangelho, mas não olvidemos, em todos os passos da peregrinação para o Cristo, a chave do serviço edificante, a única senha que nos assegurará, em espírito e verdade, o valor do merecimento justo com a resposta do Infinito Amor e da Eterna Sabedoria, em favor de nossa própria ascensão.

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