Para encontrar o bem e assimilar-lhe a luz, não basta admitir-lhe a existência. É indispensável buscá-lo com perseverança e fervor.
Ninguém pode duvidar da eletricidade, mas para que a lâmpada nos ilumine o aposento recorremos a fios condutores que lhes transportem a força, desde a aparelhagem da usina distante até o recesso de nossa casa.
A fotografia é hoje fenômeno corriqueiro; contudo, para que a imagem se fixe, na execução do retrato, é preciso que a emulsão gelatinosa sensibilize a placa que a recebe.
A voz humana, através da radiofonia, é transmitida de um continente a outro, com absoluta fidelidade; todavia, não prescinde do remoinho eletrônico que, devidamente disciplinado, lhe transporta as ondulações.
Não podemos, desse modo, plasmar realização alguma sem atitude positiva de confiança.
Entretanto, como exprimir a fé? – indaga-se muitas vezes.
A fé não encontra definição no vocabulário vulgar.
É força que nasce com a própria alma, certeza instintiva na Sabedoria de Deus que é a sabedoria da própria vida. Palpita em todos os seres, vibra em todas as coisas.
Mostra-se no cristal fraturado que se recompõe, humilde, e revela-se na árvore decepada que se refaz, gradativamente, entregando-se às leis de renovação que abarcam a Natureza.
Todas as operações da existência se desenvolvem, de algum modo, sob a energia da fé.
Confia o campo no vigor da primavera e cobre-se de flores.
Fia-se o rio na realidade da fonte, e dela não prescinde para a sua caudal larga e profunda.
A simples refeição é, para o homem, espontâneo ato de fé. Alimentando-se, confia ele nas vísceras abdominais que não vê.
Todo o êxito da experiência social resulta da fé que a comunidade empenhe no respeito às determinações de ordem legal que lhe regem a vida.
Utilizando-nos conscientemente de semelhante energia, é nos possível suprimir longas curvas em nosso caminho de evolução.
Para isso, seja qual for a nossa interpretação religiosa da idéia de Deus, é imprescindível acentuar em nós a confiança no bem para refletir-lhe a grandeza.
Recordemos a lente e o Sol. O astro do dia distribui eqüitativamente os recursos de que dispões. Convergindo-lhe, porém, os raios com a lente comum, dele auferimos poder mais amplo.
O Bem Eterno é a mesma luz para todos, mas concentrando-lhe a força em nós, por intermédio de positiva segurança íntima, decerto com mais eficiência lhe retrataremos a glória.
Busquemo-lo, pois, infatigavelmente, sem nos determos no mal.
O tronco podado oferece frutos iguais àqueles que produzia antes do golpe que o mutilou.
A fonte alcança o rio, desfazendo no próprio seio a lama que lhe atiram.
Sustentemos o coração nas águas vivas do bem inexaurível.
Procuremos a boa parte das criaturas, das coisas, e dos sucessos que nos cruzem a lide cotidiana. Teremos, assim, o espelho de nossa mente voltado para o bem, incorporando-lhe os tesouros eternos, e a felicidade que nasce da fé, generosa e operante, libertar-nos-á dos grilhões de todo o mal, de vez que o bem, constante e puro, terá encontrado em nós seguro refletor.
sábado, 2 de fevereiro de 2008
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