Quando abro os olhos, na esperança de ver o dourado do sol, quando meus ouvidos esperam ouvir os pássaros a cotejar ,
quando meu coração espera um novo dia nascer trazendo a esperança de um novo amanhecer
Encontro escandalizado, em escabroso amanhecer, meu paÍs, tocado pela dor profunda.
O mundo a assistir meu povo, em sua revolta, sem entender,
aquele frágil corpinho agora, jogado em mesa de mármore fria
Apenas 5 aninhos.
Um olhar cheio de vida, uma alma tocada
pela esperança de poder ver muitos dias de alegria,
sentindo-se protegida, ao lado do genitor, afinal, quem poderia dar-lhe melhor proteção?
Transforma-se o protetor em carrasco frio,
E, ela, sem entender, recebe dos adultos que a cercam ,cuja missão seria protegê-la,
a sua sentença de morte fria, sórdida e monstruosa.
Afinal, o que esta acontecendo com os homens?
Em que planeta estou?
Como posso, agora, explicar aos pequenos que me cercam ,que podem confiar nos adultos?
Até aonde continuaremos a esperar que os culpados, agora reconhecidamente, paguem pelo que foi feito?
(se é que existe como pagar a uma vida de uma inocente de apenas 5 anos)
Que pai é este?
Que avo é este a encobrir tamanha monstruosidade contra uma criança?
Contra sua própria neta?
Elevo meus pensamentos aos céus e ,com a lagrima da vergonha na face,
Peço a Deus o conforto a esta mãe que perde sua filha,
Pelas mãos daquele, que um dia, em meio a lençóis e juras de amor,
Participou desta vida ,agora ,abaixo da terra mãe absoluta!
Meus olhos são tomados pela imprensa, a transformar a dor em espetáculo,
A cada dia menos entendo o porquê da demora
em fazer os culpados receberem as mãos da justiça.
O poeta que existe em mim perde a inspiração
ao deparar-me com tamanha frigidez,
o homem sente-se pequeno demais ao ter que assistir a tudo
sem nada poder fazer, entrego-me por fim a oração
e busco o entendimento, a dor que sinto para que nunca, minha alma, seja tomada pela revolta
Senhor tende piedade deles, eles não sabem o que fazem!
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