sábado, 26 de abril de 2008

O Nascimento

Nas asas da presunção alcei vôos no rumo da
imaginação.
Vi cântaros de luz entornando cintilações e senti o hálito divino como se flores inesgotáveis deitassem perfume nos confins do Universo.

Havia uma doce música embalando as vozes das
estrelas e rodopiava a vida nos vãos da eternidade.
O amor derramava-se em gotas como o orvalho ao sopro leve da alvorada.
Lágrimas de anjos iluminavam a poeira cósmica,
em relãmpagos de ternura.

Viajei sentindo um vigoroso pensamento moldando corações e fluxos generosos de sangue, e olhos nimbados de sonhos.
No auge do êxtase, ouvi um sopro afirmar
que a imortalidade seria o último estágio.

Quando retornei, em prantos da mais sublime
emotividade, compreendi que presenciei, na
ilusão das fantasias de filho, o momento em
que o Criador ofertou à vida o parto de almas.

De mãos postas, entendi que eu era uma das
gotas, hoje envolta em poeira de estradas,
mas para sempre, gota de luz.

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