Cada desencarnação se dá conforme a atividade do Espírito enquanto na indumentária fisiológica.
O despertar, conseqüentemente, será consentâneo às atividades encetadas e aos ideais abraçados.
Quem cultivou o pessimismo demorado, arraigando-se nas trevas da negação, abraçado às expressões nadaístas, desperta em estado de amnésia total, vagueando como autômato ou se demora hibernado em si mesmo, sem se dar conta do transpasse que o conduziu ao Mundo Espiritual.
O Espírito que se vinculou, no entanto, às expressões dignificantes e idealistas, transita pelo portal do túmulo na condição de alguém que abandonou as algemas da ingratidão em que jazia sem direito à liberdade, no rumo, agora, de horizontes de insuperável beleza e ventura.
O cultivador do ódio, intoxicado pelos venenos letais da ira, permanece com os centros da memória bloqueados pelos vapores que o tornaram inditoso e de que somente a longo prazo consegue desencharcar-se.
Sensualistas e gozadores, apaniguados do crime ou da insensatez, permanecem estreitamente vinculados às reminiscências pretéritas, sem se darem conta da realidade legítima da região nova por onde transitam.
Simultaneamente, os que acalentaram a certeza da sobrevivência e se predispuseram ao vôo às regiões da luz, despojam-se da indumentária carnal com a gratidão pelo fardo que os facultou ascender no rumo da liberdade.
A consciência é sempre a mesma, seja no mergulho da névoa carnal ou se encontre desatrelada dos implementos orgânicos.
Tal hábito, qual vida.
Perfeitamente compreensível o estado amnésico apresentado por um sem número de habitantes da Esfera Espiritual, que jazem atados à ignorância do seu próprio estado, transitando entre amolentados e dormintes, inermes e atoleimados...
Alguns, em face do desabrochar das lembranças, se confundirão pela dificuldade de manipularem os depósitos e arquivos da memória. Outros se perturbarão quanto a detalhes, datas, nomes, — mesmo os nossos doentes queridos — à semelhança de toxicômanos ou viciados que, não obstante consigam formar um plano de raciocínio, não encontram as palavras próprias para vestirem as idéias.
A morte de maneira nenhuma produz magia. É uma cirurgia cujo mister arranca as vísceras físicas, mas não extirpa as sensações que aquelas impõem ao perispírito e, este, a seu turno, ao Espírito que viveu exclusiva e unicamente para os gozos da sensação.
Assim considerando, é imperioso que cada um se predisponha e se prepare, mediante o exercício natural diário e freqüente, para o vôo da desencarnação.
Da mesma forma que, em buscando o leito, à hora própria do repouso físico, cada um, conforme as suas aptidões, inclinações e valores, adormece, assim despertará no dia seguinte com aqueles títulos com os quais repousou, do que decorrerá encontrar-se, então, feliz, desventurado ou exaurido, consoante as disposições mentais que lhe são habituais.
Dormir é pré-morrer. Morrer, porém, é voar através de um sono especial para o despertar no Mundo da Verdade conforme se adormeceu...
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