O desconhecido passou, de carro, enlameando-te a veste, como se toda a
rua lhe pertencesse... Compadece-te dele. Corre, desabalado, à procura
de alguém que lhe socorra o filhinho nos esgares da morte.
Linda mulher, que pérolas e brilhantes enfeitam, segue a teu lado,
parecendo fingir que te não percebe a presença... Compadece-te! Ela
tem os olhos embaciados de pranto e não chegou a ver-te.
Jovem, admiravelmente bem-posto, cruzou contigo, endereçando-te
palavra de sarcasmo e de injúria... Compadece-te! Ele tem os passos no
caminho do hospício e ainda não sabe.
O amigo que mais amas negou-te um favor... Compadece-te dele! Não lhe
vês a dificuldade encravada no coração.
Companheiros do mundo!... Estarão contigo, notadamente no lar, onde
guardam os nomes de pai e mãe, esposo e esposa, filhos e irmãos...
Muita vez, levantam-se de manhã, chorosos e doloridos, aguardando um
sorriso de entendimento, ou chegam do trabalho, fatigados e tristes,
esmolando compreensão.
Todos trazem consigo aflições e problemas que desconheces.
Ergue a própria alma e auxilia sempre!... Indulgência para todos!
Bondade para com todos!...
E, se algum deles te fere diretamente a carne ou a alma, não levantes
o braço ou a voz para revidar.
Busca no silêncio a inspiração do Senhor, e o Mestre, como se
estivesse descendo da cruz em que pediu perdão para os próprios
verdugos, te dirá compassivo:
- Perdoa, sim! Perdoa sempre, porque, em verdade, aqueles que não
perdoam também não sabem o que fazem...
terça-feira, 15 de junho de 2010
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