sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Epílogo dos Ventos

O vento hoje não veio a noroeste,

O sol partindo num silêncio-avermelhado grave

Atreve-se as cores dos meus roseirais



as nuvens tensas, densas, faces de temporais

(a noite chega sem pressa e com aroma de definição-sentença)

o monjolo parece bater á pressa dos trovões

folhas secas bailam no ar em pequenos rodamoinhos



Alguns pássaros ainda cantam num vôo atrasado



Levo às mãos intuitivamente o meu escapulário

Lembro um salmo ou algo que o valha



Talvez seja tarde para dar ouvido a profecias

Talvez não seja à noite descanso do dia

Só uma mudança nas cores, na paleta do Artista

E não haja nada de tão diferente no vento a noroeste



Mas os pássaros pressentem e cantam o vôo atrasado



Tento entender o desenho do céu

Tento ascender à porta do céu



É tarde para qualquer tipo de remissão ou penitência...



Na varanda, preparo meu tabaco, cheiro de cumarina e mel

É tarde para outras tentativas

Não existe a porta do céu...

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