O vento hoje não veio a noroeste,
O sol partindo num silêncio-avermelhado grave
Atreve-se as cores dos meus roseirais
as nuvens tensas, densas, faces de temporais
(a noite chega sem pressa e com aroma de definição-sentença)
o monjolo parece bater á pressa dos trovões
folhas secas bailam no ar em pequenos rodamoinhos
Alguns pássaros ainda cantam num vôo atrasado
Levo às mãos intuitivamente o meu escapulário
Lembro um salmo ou algo que o valha
Talvez seja tarde para dar ouvido a profecias
Talvez não seja à noite descanso do dia
Só uma mudança nas cores, na paleta do Artista
E não haja nada de tão diferente no vento a noroeste
Mas os pássaros pressentem e cantam o vôo atrasado
Tento entender o desenho do céu
Tento ascender à porta do céu
É tarde para qualquer tipo de remissão ou penitência...
Na varanda, preparo meu tabaco, cheiro de cumarina e mel
É tarde para outras tentativas
Não existe a porta do céu...
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