sábado, 12 de janeiro de 2008

UM DIA AINDA SEREI POETA

Eu trabalho
Tenho hora pra começar
Não tenho pra terminar.
Todos trabalham
Muitos nas mesmas condições que eu
Outros têm horários a cumprir
Tem normas a seguir
Tem chefe, patrão
Para obediência prestar
Eu não!
Eu sou meu patrão
Não escravo dessa nação.

Hum! Eu digo que não tenho patrão
Mas o cliente dentro de meu ramo,
É um patrão
Pois se eu não executar o serviço
Da forma por ele exigido
Meu trabalho não é aceito
Mas isso não me faz escravo dessa nação.

Nação!!!
É; essa nação que era pra ser feliz
Uma nação cheia de diferenças
Uma nação cheia de preconceitos
Isso mesmo! Cheia de preconceitos.
Eu entro e saio seja lá o lugar que for,
Não me interessa
Se é um ambiente de intelectuais e doutores
Dentro de minha arte,
Sou intelectual sou doutor
Mas que me olham atravessados
Me olham...

O que vem ser um intelectual?
Eu entendo que seja uma pessoa
Por total enquadrada aos estudos
Uma pessoa de grande formação cultural.
Ué! Artesanato também é cultura,
Para que se aprenda o quesito artesanal,
Tem que aprender
E o aprender é estudar
Não resta a menor dúvida
Que em linguagem diferente,
Mas também é um estudo.

O que vem ser um doutor?
Acredito que seja aquele
Que está capacitado a ensinar,
Um grande sabedor.
É aquele que adquiriu um grande e elevado grau
Dentro de uma faculdade universitária.
Quem disse que o mundo não é uma escola?
O mundo é uma escola,
O mundo é uma faculdade universitária,
Só não dá o canudo
E o que nele em suas passagens aprendeu,
Calçam as sandálias da humildade
Veste o manto da sabedoria da vida
E não aprendeu a humilhar e a empinar o nariz
Quem nessa escola chamado mundo estuda
Aprendeu a não olhar somente pro seu umbigo.
Existe essa diferença entre esses dois universos
Mas nem todos que carregam seus canudos
Calçam as botinas que tendem a essas diferenças.


Eu entendo,
Que doutor é uma forma de tratamento social
Que se aplica a qualquer pessoa
Seja ela quem for
Seja em que área for,
Que tenha alcançado o bacharelado
Pois vos digo: sou bacharel em artesanato
Sou um doutor do artesanato
Dele tiro meu sustento
Dele divido minha sabedoria
E dele faço a feia ficar bonita
O feio ficar elegante
Basta uma bolsa bem trampada
Basta um cinto ou cinturão bem decorado
Uma pulseira chamativa
Um cordão que embeleza pescoços
Uma sandália bem transada.

A linguagem
É por completa e diferente das salas-de-aulas
Mas na minha toalha
Já sentou todos os tipos de diplomas
E de minhas mãos
Virão surgir as maravilhas
Que todos os artesões podem produzir.
Sou intelectual do artesanato ou não sou?
Sou doutor do artesanato ou não sou?
Sou bacharel no artesanato ou não sou?
Só não sou escravo dessa nação.
Um dia ainda serei poeta...

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado por publicar um de meus rabiscos. Muita paz para você... Eu Guerreiro