Muitas vezes, por um melindre qualquer, descarregamos nossa raiva contra alguém, numa explosão selvagem de fúria de que geralmente nos arrependemos depois. Nesses momentos, agimos como se fossemos movidos por uma tempestade íntima dos sentimentos em desequilíbrio. De repente, escurece a nossa paisagem mental e do nosso mundo interior em desordem eclodem trovões de ódio, relâmpagos, raios e ventos de impulsos destruidores que vão destroçando afeições, arrancando troncos de amor, desfazendo plantações de esperanças e turvando o rio da paz, criando-nos abismos de graves conseqüências para nossas vidas.
E enquanto as forças em desequilíbrio não se renderem ao dique da razão e do bom senso, os nossos automatismos psíquicos estarão acionados pela enxurrada de mágoas e ressentimentos, prostrando-nos por muito tempo ainda a estados mórbidos de sofrimento moral desencadeadores das diversas enfermidades que a medicina coleciona através dos tempos. Muitos passam a peregrinar pelas clínicas médicas, hospitais e templos religiosos, quando não terminam os dias torturados pela obsessão e a loucura, solitários sobre o leito da apatia e das frustrações que criaram para si próprios.
Entregues a indisciplina das emoções, fechados nas câmaras escuras do egoísmo e do amor-próprio excessivos, não se ajudaram no tratamento dos seus conflitos psíquicos, anulando todas as defesas naturais e tornando-se vítimas de doenças incuráveis, em virtude da sua conduta agressiva e dominadora com que desorganizaram e envenenaram o próprio mundo interior. São os falidos dos sentimentos, escravos de sua própria incúria, que jogaram no lixo da desídia belas oportunidades de reabilitação da saúde física, mental e espiritual pela disciplina dos impulsos. Transferem-se para além túmulo na condição de suicidas, sujeitos a estações de sofrimento maiores ainda até cogitarem da indispensável renovação, com vistas a novas experiências reeducativas quase sempre no mesmo ambiente e em relação com as mesmas pessoas junto às quais faliram.
Examina, portanto, a tua conduta diante das avaliações a que te vês submetido pelos próprios acontecimentos da vida, que não atendem senão às tuas próprias necessidades de progresso e oportunidade de mudança e crescimento. Domina os teus impulsos inferiores, o engenho do orgulho que range raivoso dentro de ti, a fim de não impedires que a bondade de Deus opere a teu favor no momento certo, para que não venhas a transformar tua vida num martírio inútil sem nenhum proveito para o teu futuro. Contorna a tua tempestade íntima e aprende a esperar na dor para que possas colher em plena primavera de amor os sonhos de felicidade que acalentas.
Ora e te protege na humildade, se queres ser ouvido nos teus apelos.
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