segunda-feira, 24 de novembro de 2008

EM MUITAS CIRCUNSTÂNCIAS

Em muitas circunstâncias, é a tua própria prova que te auxilia a não resvalar em faltas de conseqüências mais graves.

É a tua limitação física que te impede de assumir compromissos cármicos mais pesados do que aqueles que atualmente suportas.

É o serviço estafante que te absorve o tempo que não te deixa ceder ao assédio da tentação em que complicarias o destino.

São os teus conflitos íntimos que te imobilizam a leviandade e não te consentem sorver, à derradeira gota, a transbordante taça do prazer.

São as tuas dores constantes, espalhadas pelo corpo, que não te deixam albergar pensamentos que se te cristalizariam no espírito por tempo indeterminado.

É o companheiro que te policia os passos e te requisita a afeição, de modo possessivo, que se interpõe entre ti e o abismo que se lhe escancara aos pés.

É o chefe da repartição que te cumula de exigências, mas que te induz ao crescimento profissional nas tarefas sob a tua responsabilidade.

É o filho doente que, não raro, te inspira ao socorro devido àquelas crianças enfermas que sofrem, sem arrimo da família e da sociedade.

É a injustiça de que foste vítima, que te faz advogar a causa de todos os injustiçados do mundo.

São os traumas que suportaste na infância que, de uma forma ou de outra, te compeliram a sair da vulgaridade nos sentimentos em relação aos outros.

Não reclames, pois, dos problemas com os quais renasceste ou adquiriste em algum trecho do caminho que segues palmilhando.

Chegará um dia em que reconhecerás que as tuas dificuldades físicas, morais ou psicológicas, em suas mais variadas formas de expressão, foram as tuas maiores bênçãos.

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