sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Perigo

Cada vez que a irritação te assoma aos escaninhos da mente, segues renteando sinal de perigo.

Mesmo que tudo pareça conspirar em teu prejuízo, não convertas a emoção em bomba de cólera a explodir-te na boca.

Desequilíbrio que anotes é apelo da vida a que lhe prestes cooperação.

Quando as águas, em monte, investem furiosas sobre a faixa de solo que te serve de habitação, levantas o dique, capaz de governar-lhe os impulsos.

Diante do fogo que te ameaça, recorres, de pronto, aos extintores de incêndio.

Toda vez que o curto-circuito reponta na rede elétrica, desligas a tomada de força para que a energia descontrolada não opere a destruição.

Assim também, quando a prova te visite, não transfigures a língua em chicote dos semelhantes.

Se agressões verbais te espancam os ouvidos, ergue a muralha do dever fielmente executado, em que te defendas contra o assalto da injúria.

Se a calúnia te alanceia, guarda-te em paz, no refúgio de prece.

Se a dignidade ofendida, dentro de ti, surge transformada em aceso estopim para a deflagração de revolta, deixa que o silêncio te emudeça, até que a nuvem da crise te abandone a visão.

Sobretudo à frente de qualquer companheiro encolerizado, não lhe agraves a distonia.
Ninguém cura um louco, zurzindo-lhe o crânio.

Se alguém te lança em rosto o golpe da intemperança de espírito ou se te arroja a pedrada do insulto, desculpa irrestritamente, e se volta a ferir-te, é indispensável te reconheças na presença de um enfermo em estado grave, a pedir-te o amparo do entendimento e o socorro da compaixão.

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