Convidado a fazer uma preleção sobre a crítica, o conferencista
compareceu ante o auditório superlotado, sobraçando pequeno fardo.
Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra d'água de sobre
a mesa, deixando somente a toalha branca.
Em silêncio, acendeu poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de
pérolas que trouxera no embrulho, várias dúzias de flores colhidas de
corbelhas próximas. Logo após, apanhou da sacola diversos "biscuits" de
inexprimível beleza, representando motivos edificantes, e enfileirou-os com
graça.
Em seguida, situou na mesa um exemplar da Bíblia Sagrada em capa
dourada. Depois, com o assombro de todos, colocou uma pequenina lagartixa
num frasco de vidro.
Só então comandou a palavra, perguntando:
- Que vedes aqui, meus irmãos?
E a assembléia respondeu, em vozes discordantes:
- Um bicho! - Um lagarto horrível! - Uma larva! - Um pequeno monstro!
Esgotados breves momentos de expectação, o pregador considerou:
- Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Não enxergastes o
forro de seda lirial, nem as flores, nem as pérolas, nem as preciosidades,
nem a Bíblia Sagrada, nem a luz faiscante que acendi. . Vistes apenas a
diminuta lagartixa...
E concluiu:
- Nada mais tenho a dizer...
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário