A vida humana pode ser comparada a uma rosa no jardim do mundo.
O bebê é o botão que desabrocha, delicadamente.
Na medida em que vai se abrindo, vai descobrindo e se extasiando com o rocio do orvalho na madrugada de luz, o brilho do cristal ao toque do sol nas primeiras horas da manhã, o calor do astro rei na tarde quente.
Quanto mais se abre para a vida, mais descobertas realiza.
Corajosa, a criança não lê obstáculos nas linhas da vida.
Tudo ela tenta, experimenta, apalpa e sente.
Confiante, ela estende os braços a quem lhe oferece o colo.
Perseverante, ela insiste nas tentativas sem se considerar derrotada pela latinha que não abre, o brinquedo que não roda, o boneco que teima em não ficar de pé.
Nenhum obstáculo a detém: uma escadaria que parece não ter fim, uma porta fechada, um portão trancado.
Estranhamente, à proporção que cresce, parece se esquecer desse seu lado brilhante.
Nos primeiros anos escolares, pode se mostrar fechada às novidades e até apresentar baixo aproveitamento escolar.
Mais tarde, já madura, exatamente como o botão totalmente aberto, os bloqueios se fazem maiores.
Os percalços são considerados intransponíveis.
Enquanto envelhece gradativamente, mais entraves se coloca: minha memória não é boa, esqueço tudo, estou ficando velho.
Deixa de cogitar de aprender algo novo.
Exatamente no período em que, de um modo geral, passa a ter um tanto mais de tempo livre.
A aposentadoria chegou, os filhos se casam, as obrigações decrescem em número.
Tudo o que se pensa em ter durante os anos da juventude, da madureza, agora se encontra à disposição: mais tempo.
No entanto, esse tempo é gasto em ociosidade.
E se há algo que realmente faz a pessoa envelhecer é a ociosidade, a inatividade, o não fazer nada.
Enquanto a rosa no jardim vai perdendo o viço, murchando e despetalando, o homem se permite também fenecer.
Mas tudo pode ser diferente.
Nunca é tarde para aprender.
Envelhecimento nada tem a ver com perda de memória.
A não ser que a pessoa seja portadora de alguma enfermidade, que prejudique as funções mentais, as intelectuais, sempre é tempo de aprender.
Absorver sabedoria dos livros, aprender a tocar um instrumento, exercitar-se numa nova língua.
Tudo aquilo que não se teve tempo ou possibilidade de fazer antes, eis uma chance maravilhosa
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