Toda ciência, decerto, demanda ensaio e preparação.
É assim que a arte de amar ao próximo exige começo adequado.
Reportemo-nos à cortesia, como sendo a iniciação do amor puro.
Nem sempre serás impelido aos grandes testemunhos de sacrifício
público, todavia onde estiveres, a cada momento, serás requisitado
pela bondade.
No lar e fora dele, em todos os instantes, és naturalmente intimado à
compreensão a ao entendimento, à afabilidade e ao auxílio.
Não te confies às atitudes que te feririam nos outros, nem pronuncies
palavras que te espancariam o coração caso fossem articuladas nas
bocas que te rodeiam.
Lembra tuas próprias necessidades de carinho e não negues ao
companheiro o estimulo da frase generosa e do amparo fraternal.
Recorda quantas vezes por dia te fazes credor do perdão
alheio, em face das próprias leviandades que te fazem o ambiente
pesado e difícil, e desculpa, quantas vezes se fizerem necessárias, as
pequeninas ofensas que te visitam a estrada.
Não olvides as exigências que te cercam os passos,
compelindo-te a receber favores de toda sorte, e, atento à colaboração
que aguardas dos outros, não te furtes ao prazer de ajudar.
Desterra a crueldade do pensamento, para que a calúnia não te envenene
os lábios e, de mãos firmes, no arado da gentileza, estende os braços
na infatigável conjugação do verbo servir.
A grande sinfonia nasce em algumas notas.
A jornada mais extensa começa num passo simples.
Mil vezes referir-te-ás ao amor, destacando-lhe a excelência ou
comentando-lhe a divindade, entretanto, para que, um dia, lhe
atinjamos o santuário celeste e lhe irradiemos a luz, não nos
esqueçamos de que é necessário sustentar entre nós o culto incessante
da amizade e da compreensão.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
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