O trânsito dos bens pelas mãos humanas é atestado da fugacidade da posse.
A propriedade é sempre referencial, nunca de estrutura real.
Bens de verdade são aqueles que se encorporam à vida, na qualidade de valores que permanecem no comportamento da criatura.
Os de origem terrena, face a sua constituição, transferem-se de possuidor, desgastam-se, desaparecem...
Têm a finalidade de proporcionar o equilíbrio emocional, fomentar o progresso, e estimular a solidariedade.
De acordo com o caráter daquele que os detêm, temporariamente, facultam a paz ou geram a guerra, propõem a alegria ou propõem a miséria...
Vítima do egoísmo, que nele se demora como remanescência do atavismo animal, o homem invigilante, que possui, esquece-se da finalidade precípua da riqueza, que é a de trabalhar pelo bem geral, derrapando na avareza, quando a estroinice não o leva às aberrações morais, a prejuízo de si mesmo e da comunidade onde se movimenta.
Sendo efêmera a própria organização fisiológica, tudo quanto se lhe vincula padece de semelhante injunção.
O dinheiro, a propriedade, os haveres, em conseqüência, constituem prova muito grave para os seus detentores, que deverão prestar contas da sua aplicação.
Assim, não são os tesouros os valores que devem ser analisados do ponto de vista ético, mas, sim, aqueles que se lhes são depositários.
O dinheiro que corrompe, quando bem aplicado, é o mesmo que educa e que salva as vidas.
O poder, que decide pela guerra, é o possuidor dos meios de gerar a paz.
Assim considerando, não menor do que a pobreza, tida, não raro, como infortúnio, a riqueza é, também, desafio grave para quem lhe experimenta a circunstância.
A verdadeira posse liberta o possuidor do objeto possuído, a fim de que o mesmo não se encarcere na limitação possuidora que o detém na aparente propriedade.
Todos os bens procedem de Deus e a Deus pertencem, constituindo meio de crescimento para o Espírito, das várias experiências evolutivas de aplica-los, quando os dispõe, ou de sentir-lhes a falta, em sua oposta.
Multiplica, desse modo, todos os valores que te cheguem, sejam eles perecíveis e transitórios, do agrado terreno, ou de sabor eterno, que são as tuas aquisições morais, transitando pelo corpo, na condição de aprendiz da vida, que venceu o mundo.
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