sábado, 12 de janeiro de 2008

HOJE É DIA VINTE E QUATRO

É noite e eu diante uma fogueira.
Forte atração tenho pela noite
Como sempre só.
Beira de estrada,
Um solitário acampamento.
Céu aberto estrelado
Tantos escritos a terminar
Sempre fico sem saber ao certo
Por qual deles a começar...

Tão bom vagar no tempo,
É tempo de viver
Estou sempre pronto
Para um novo acontecer.
Carros passam velozmente
Levantam poeira
Nessa longa estrada
Cheia de andarilhos espalhados
Em seus solitários acampamentos...

Gostaria de estar em família,
Mas eles são tão difíceis.
Pouco consigo perto deles ficar,
Não consigo com eles conversar,
Falam e pensam diferente de mim.
Sou estranho pra eles
É por isso que mais vivo nas estradas
Junto com meus irmãos hippies,
Sinônimo de liberdade,
Com eles consigo viver
Com eles sorrio e tenho prazeres...

Vivo esse tempo de dúvidas
Somos livres e não somos.
Somos os cárceres de nossa liberdade.
Homens de fardas nos vigiam
Para todo lugar tem fardas
Como se já não bastasse na minha infância.
Esse é o preço de um aventureiro
Que nem mesmo completou maior idade.
Minhas noites minhas companheiras
Sou a verdade de meu tempo
Tempo de medo
Tempo que sonhos se interrompem
Tempo sem a perspectiva dos tempos.
Espero um dia as fardas passarem
E nós brasileiros impedidos de sonhar
Possamos em um verdadeiro Brasil
No caminho da igualdade,
Em plena liberdade podermos marchar
Sem coturnos
Sem fuzil
Sem cantil
Sem fardas para nos regularem.
Se eu aos quarenta anos chegar,
Espero que realmente
O que hoje aqui escrevo
Poder viver livre de qualquer pressão e opressão...

É, hoje é dia vinte e quatro, meu aniversário.
Estou sem meu espelho, mas mesmo assim,
Olho para poça d’água,
Nela meu rosto reflete e me parabenizo:

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