domingo, 9 de novembro de 2008

CARAVANA

Qual se te visses em meio de grande multidão, da qual participas,
observas os que passam, renteando contigo na caminhada.
Natural que te enterneças, ante os que se apresentam infortunados e
enfermos.
Os tristes e os fracos, os cansadose os esquecidos te arrancam melodias
de ternura às cordas do coração.
Entretanto, não silencies essa música da alma à frente daqueles
outros que te pareçam felizes.
Não raro, indagas a ti mesmo porque passam tantos deles, como se
não enxergassem o sofrimento dos semelhantes, qual se andassem sob
a hipnose do luxo e do prazer.
Não te precipites, porém, no espinheiral da censura.
Abençoa e serve a todos, tanto quanto puderes.
Bastas vezes, o homem que sete adianta em caminho, na posição de
comandante da fortuna, traz um cérebro esfogueado por aflições que não
conseguirias suportar; outro, que se te afigura perdulário, quase sempre é
doente buscando a fuga de si próprio;
outro ainda que avança, recolhendo condecorações e medalhas pelos
recursos que conseguiu entesourar, freqüentemente, é um mendigo de
amor, relegado à solidão; a mulher que enxergaste ricamente trajada costuma
ocultar no peito enorme vaso de lágrimas que não conseguem criar;
e aquela outra que se te revela por expoente de beleza e poder, muitas
vezes, transporta uma cruz de fel por
dentro do coração.
Não critiques e nem apedrejes criatura alguma.
Na Terra e fora da Terra,integramos a imensa caravana que se
desloca incessantemente para diante.
Não reproves ninguém.
Todos somos viajores nas estradasda vida, necessitando do auxílio uns
dos outros e todos estamos seguindo com sede de compreensão e fome
de Deus.
A marcha será medida pelo passo do serviço ao próximo.

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