Qual se te visses em meio de grande multidão, da qual participas,
observas os que passam, renteando contigo na caminhada.
Natural que te enterneças, ante os que se apresentam infortunados e
enfermos.
Os tristes e os fracos, os cansadose os esquecidos te arrancam melodias
de ternura às cordas do coração.
Entretanto, não silencies essa música da alma à frente daqueles
outros que te pareçam felizes.
Não raro, indagas a ti mesmo porque passam tantos deles, como se
não enxergassem o sofrimento dos semelhantes, qual se andassem sob
a hipnose do luxo e do prazer.
Não te precipites, porém, no espinheiral da censura.
Abençoa e serve a todos, tanto quanto puderes.
Bastas vezes, o homem que sete adianta em caminho, na posição de
comandante da fortuna, traz um cérebro esfogueado por aflições que não
conseguirias suportar; outro, que se te afigura perdulário, quase sempre é
doente buscando a fuga de si próprio;
outro ainda que avança, recolhendo condecorações e medalhas pelos
recursos que conseguiu entesourar, freqüentemente, é um mendigo de
amor, relegado à solidão; a mulher que enxergaste ricamente trajada costuma
ocultar no peito enorme vaso de lágrimas que não conseguem criar;
e aquela outra que se te revela por expoente de beleza e poder, muitas
vezes, transporta uma cruz de fel por
dentro do coração.
Não critiques e nem apedrejes criatura alguma.
Na Terra e fora da Terra,integramos a imensa caravana que se
desloca incessantemente para diante.
Não reproves ninguém.
Todos somos viajores nas estradasda vida, necessitando do auxílio uns
dos outros e todos estamos seguindo com sede de compreensão e fome
de Deus.
A marcha será medida pelo passo do serviço ao próximo.
domingo, 9 de novembro de 2008
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