quinta-feira, 6 de novembro de 2008

DOUTRINANDO A FÉ.

I - ÀS ALMAS ENFRAQUECIDAS:

Minhas palavras de hoje são dirigidas aos que ingressam nos estudos espiritistas, tangidos pelos azorragues impiedosos do sofrimento; no auge das suas dores, recorreram ao amparo moral que lhes oferecia a Doutrina e sentiram que as tempestades amainavam... Seus corações reconhecidos voltaram-se então para as coisas espirituais; todavia, os tormentos não desapareceram. Passada uma trégua ligeira, houve recrudescência de prantos amargos.

Experimentando as mesmas torturas, sentem-se vacilantes na fé e baldados do entusiasmo das primeiras horas e é comum ouvirem-se as suas exclamações: "Já não tenho mais fé, já não tenho mais esperanças..." Invencível abatimento invade-lhes os corações tíbios e enfraquecidos na luta, desamparados na sua vontade titubeante e na sua inércia espiritual.

Essas almas não puderam penetrar o espírito da Doutrina, vagando apenas entre as águas das superficialidades.

O QUE É O MODERNO ESPIRITUALISMO:

O Moderno Espiritualismo não vem revogar as leis diretoras da evolução coletiva. As suas concepções avançadas representam um surto evolutivo da Humanidade, uma época de mais compreensão dos problemas da vida, sem oferecer talismãs ou artes mágicas, com a pretensão de derrogar os estatutos da Natureza. Desvenda ao homem um fragmento dos véus que encobrem o destino do ser imortal e ensina-lhe que a luta é o veículo do seu progresso e da sua redenção.

Traz consigo o nobre objetivo de enriquecer, com as suas benditas claridades, os homens que as aceitam, longe da vaidade de prometer-lhes fortunas e gozos terrestres, bens temporais que apenas servem para fortificar as raízes do egoísmo em seus corações, agrilhoando-os ao potro das gerações dolorosas.

NECESSIDADE DO ESFORÇO PRÓPRIO:

Pergunta-se, às vezes, por que razão não obstam os Espíritos esclarecidos, que em todos os tempos acompanham carinhosamente a marcha dos acontecimentos do orbe, as guerras que dizimam milhões de existências e empobrecem as coletividades, influenciando os diretores de movimentos subversivos nos seus planos de gabinete; inquire-se o porquê das existências amarguradas e aflitas de muitos dos que se dedicam ao Espiritismo, dando-lhes o melhor de suas forças e sempre torturados pelas provas mais amargas e pelos mais acerbos desgostos. Daqui, contemplamos melancolicamente essas almas desesperadas e desiludidas, que nada sabem encontrar além das puerilidades da vida.

Em desencarnando, não entra o Espírito na posse de poderes absolutos. A morte significa apenas uma nova modalidade de existência, que continua, sem milagres e sem saltos.

É necessário encarar-se a situação dos desencarnados com a precisa naturalidade. Não há forças miraculosas para os seres humanos, como não existem igualmente para nós. O livre-arbítrio relativo nunca é ab-rogado em todos nós; em conjunto, somos obrigados, em qualquer plano da vida, a trabalhar pelo nosso adiantamento.

A PRECE:

Faz-se preciso que o homem reconheça a necessidade da luta como a do pão cotidiano.

A crença deve ser a bússola, o farol nas obscuridades que o rodeiam na existência passageira, e a prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições da Lei Divina, mas a fim de que a coragem e a paciência inudem o coração de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias.

A alma, em se voltando para Deus, não deve ter em mente senão a humildade sincera na aceitação de sua vontade superior.

AOS ENFRAQUECIDOS NA LUTA:

Almas enfraquecidas, que tendes, muitas vezes, sentido sobre a fronte o sopro frio da adversidade, que tendes vertido muitos prantos nas jornadas difíceis, em estradas de sofrimentos rudes, buscai na fé os vossos imperecíveis tesouros!

Bem sei a intensidade da vossa angústia e sei de vossa resistência ao desespero. Ânimo e coragem! No fim de todas as dores, abre-se uma aurora de ventura imortal; dos amargores experimentados, das lições recebidas, dos ensinamentos conquistados à custa de insano esforço e de penoso labor, tece a alma sua auréola de eternidade gloriosa; eis que os túmulos se quebram e da paz cheia de cinzas e sombras, dos jazigos, emergem as vozes comovedoras dos mortos. Escutai-as!... elas vos dizem da felicidade do dever cumprido, dos tormentos da consciência nos desvios das obrigações necessárias.

Orai, trabalhai e esperai. Palmilhai todos os caminhos da prova com destemor e serenidade. As lágrimas que dilaceram, as mágoas que pungem, as desilusões que fustigam o coração constituem elementos atenuantes da vossa imperfeição, no tribunal augusto, onde pontifica o mais justo, magnânimo e íntegro dos juízes. Sofrei e confiai, que o silêncio da morte é o ingresso para uma outra vida, onde todas as ações estão contadas e gravadas as menores expressões dos nossos pensamentos.

Amai muito, embora com amargos sacrifícios, porque o amor é a única moeda que assegura a paz e a felicidade no Universo
"Emmanuel" - Francisco C. Xavier/Emmanuel



INGENUIDADE E OTIMISMO

Benemerência gera otimismo, sorriso à frente do mundo; por mais obscura a paisagem, alma radiante clareando o caminho.
O dicionário traduz otimismo por "sistema de tudo examinar do melhor modo possível".
Aceitar as circunstâncias e as coisas "do melhor modo possível", no entanto, não é abraçar prejuízos por vantagens ou trevas por luzes.
Temos companheiros que, a pretexto de bondade, se imaginam ajustando lentes róseas à visão mental e declaram enxergar brejos por fontes e calhaus por flores.
Extáticos, produzem teorias e discursos, esquecidos de que o viajante realista encontrará charcos nos charcos e pedras nas pedras.
O otimismo, no quadro, não procederá com ilusão.
Identificará a presença do pântano e dar-lhe-á o que possa, a fim de convertê-lo em terra fértil e reconhecerá o seixo aparando-lhe as arestas para que se faça utilidade em lugar próprio..

Para isso, despenderá trabalho e atenção, agindo da maneira mais nobre.

Em atividade espírita, não será lícito caminhar de antolhos, mesmo que sejam tecidos com fios de mel, como se fôssemos portadores de pupilas enfermas, tão-só para repetirmos inconscientemente que tudo é doçura em torno de nós.

Não somos chamados a condenar pessoa alguma e nem a malquistar as situações por mais difíceis se mostrem; tampouco somos trazidos ao maior movimento de libertação da Humanidade para laurear a astúcia ou aprovar a delinqüência.
Os problemas terrestres e os desafios da regeneração estão em nós e ao redor de nós, exigindo-nos entendimento e vigilância, sinceridade e serviço.

Indispensável não nos iludirmos com benevolência irrestrita, como não é justo entregar-se alguém à censura sistemática.
Reconheçamos que o mal ainda existe, diligenciando removê-lo com a nossa lealdade ao bem que nos prometemos cultivar.
Sorrir sempre e abençoar sempre, mas discernindo sempre, associando energia e brandura, amor e clareza.

Otimismo não é ingenuidade - é o processo de auxiliar - seja algo fazendo ou consertando algo - "do melhor modo possível

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