terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cristãos Sem Cristo

"Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei" Jesus - Mateus, 11:28.
Reverencia o Divino Mestre, com todas as forças da alma, entretanto, não menosprezes honrá-lo na pessoa dos semelhantes.

Guarda-Lhe as memórias entre flores de carinho, mas estende os braços aos que clamam por Ele, entre os espinhos da aflição.
Esculpe-Lhe as reminiscências nas obras-primas da estatuária, sem qualquer intuito de idolatria, satisfazendo aos ideais de perfeição que a beleza te arranca aos sonhos de arte, no entanto, socorre, pensando nele, aos que passam diante de ti, retalhados pelo cinzel oculto do sofrimento.
Imagina-Lhe o semblante aureolado de Amor, ao fixá-lo nas telas em que se te corporifiquem os anseios de luz, mas suaviza o infortúnio dos que esperam por Ele, nos quadros vivos da angústia humana.
Proclama-Lhe a glória imperecedoura no verbo eloqüente, mas deixa que a sinceridade e a brandura te brilhem na boca, asserenando, em seu nome, os corações atormentados que duvidam e se perturbam entre as sombras da Terra.
Grava-Lhe os ensinamentos inesquecíveis, movimentando a pena que te configura as luminosas inspirações, no entanto, assinala as diretrizes dele com a energia renovadora dos teus próprios exemplos.
Dedica-Lhe os cânticos da fidelidade e louvor que te nascem da gratidão, mas ouve os apelos dos que jazem detidos nas trevas, suplicando-Lhe liberdade e esperança.
Busca-Lhe a presença, no culto da prece, rogando-Lhe apoio e consolação, no entanto, oferece-Lhe mãos operosas no auxílio aos que varam o escuro labirinto da agonia moral, para os quais essa ou aquela ninharia de tuas facilidades constitui novo estímulo à paciência.
Através de numerosas reencarnações, temos sido cristãos sem Cristo.
Conquistadores, não nos pelávamos de implorar-LHE patrocínio aos excessos do furto.
Latifundiários cruéis, não nos envergonhávamos de solicitar-lhe maior número de escravos que nos atendessem ao despotismo, em clamorosos sistemas de servidão.
Piratas, dobrávamos insensatamente os joelhos para agradecer-Lhe a presa fácil.
Guerreiros, impetrávamos Dele, em absoluta insanidade, nos inspirasse o melhor modo de oprimir.
Agora que a Doutrina Espírita no-lo revela por mentor claro e direto da alma, ensinando-nos a responsabilidade de viver, é imperioso saibamos dignificá-Lo na própria consciência, acima de quaisquer demonstrações exteriores, procurando refleti-Lo em nós mesmos.
Entretanto, para que isso aconteça,
é preciso, antes de tudo,
matricular o raciocínio na escola da caridade,
que será sempre a mestra sublime do coração

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