sábado, 29 de março de 2008

FELICIDADE E DEVER

A procura da felicidade assemelha-se, no fundo, a uma caçada difícil.
Taxando-se por dom facilmente apresável, há quem a procure entre os mitos do ouro, enferrujando as mais belas faculdades da alma, na fossa da usura; quem a dispute no prazer dos sentidos, acordando no catre da enfermidade; quem lhe suponha a presença na exaltação do poder terrestre, acolhendo-se à dor de extrema desilusão, e quem a busque na retenção do supérfluo, apodrecendo de tédio, em câmaras de preguiça.
Observa, pois, o dever de que a vida te incumbe.
Vê-lo-ás, hora a hora, no quadro das circunstâncias.
Na fé que te pede serviço.
No serviço que te roga compreensão.
No ideal que te pede caráter.
No caráter que te roga firmeza.
No exemplo que te pede disciplina.
Na disciplina que roga humildade.
No lar que te pede renúncia.
Na renúncia que te roga perseverança.
No caminho que te pede cooperação.
Na cooperação que te roga discernimento.
Por mais agressivos se façam os empecilhos da marcha, não te desvie da obrigação que te recomenda o bem de todos, sempre que puderes e quanto puderes seja onde for.
Porque te mostre leal a ti mesmo é possível que a maioria te categorize a conta de ingrato e rebelde, fanático e louco.
A maioria, no entanto, nem sempre abraça o direito.
Não podemos esquecer que, no instante supremo da humanidade, ela, a maioria, estava com Barrabás e contra o Cristo.
Cumpre, assim, teu dever, e, tomando da terra somente o necessário à própria manutenção, de modo a que te não apropries da felicidade dos outros, estarás atingindo a verdadeira felicidade, que fulge sempre, como benção de Deus, na consciência tranqüila.

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