sexta-feira, 4 de setembro de 2009

a promessa

"Meus irmãos", era a palavra

De Jovino Conceição,

"A nossa casa de preces

Exige renovação.



O nosso Centro, por si,

Tem muita terra ociosa,

Desde a Rua das Palmeiras

Até a Rua Formosa ".



Contava o orador apenas

Dois meses de fé mofina,

Mas era um verbo fluente

Nos assuntos da Doutrina.



"Nosso maior compromisso

Está vinculado ao povo...

Mostraremos na própria ação

Tudo melhor, tudo novo...



Necessitamos pensar

Nas surpresas do porvir

Nossa sede é um pardieiro,

Velha tapeira a cair.



Sendo grande e complicada,

A casa virá no fim...

Teremos primeiramente

Um amplo e belo jardim.



Ergueremos junto dele

A Casa das Refeições,

Que atenda aos necessitados

De todas as direções.



Logo após, levantaremos

O lar que abrigue as crianças,

Demonstrando o nosso zelo

E o nosso apoio ás mudanças.



Faremos nobre instituto,

Com painéis em varias cores,

Educando a juventude

E preparando oradores".



Na pausa, sacou do bolso

Anotações a granel,

De pé, ele organizou

Cinco pastas de papel.



Em seguida, anunciou:

"Trouxe aqui o meu esquema

A fim de que ninguém veja

Que estou criando problema.



Espero que não perguntem,

Nem façam perquirições;

Ganhei, no alto comercio,

Seiscentos e dez milhões.



Não me falem esta frase:

- Dinheiro aqui não se tem,

Dinheiro e Obras do Cristo

É dele e de mais ninguém..."



-Quando será tudo isso?

Indagou Chiquinho Lemos.

O orador disse nervoso:

"Amanhã começaremos."



No entanto, eis a despedida

Que já se achava marcada.

O grupo entregou-se a planos

Até a alta madrugada.



Falou-se em reconstrução,

Em vasto campo de esporte.

Em que toda a criançada

Pudesse ficar mais forte.



No outro dia, muito cedo,

O entusiasmo cresceu...

Mas Jovino Conceição

Nunca mais apareceu.

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