quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

PARA NÃO SER INFELIZ

É bastante comum reclamarmos do sofrimento ou das dores que nos atingem.

Contudo, muitas vezes, tais condições são provocadas por nós mesmos.

De um modo geral, costumamos aumentar nossa dor e sofrimento sendo exageradamente sensíveis.

Assim, reagimos muito mal a fatos insignificantes e, por vezes, levamos as coisas para o lado pessoal.

À conta disso, muitas irritações no dia a dia, podem se acumular de modo a representar uma importante fonte de sofrimento.

É uma tendência a estreitar nosso campo de visão psicológica, interpretando ou confundindo tudo o que ocorre em termos do seu impacto sobre nós.

Conta-se que dois amigos foram a um restaurante para jantar. Eles não tinham nada importante para fazer em seguida.

Podiam comer com calma, conversar, demorar-se o quanto desejassem. Nenhum compromisso, naquele dia, os aguardava. A noite poderia ser encerrada a hora que desejassem.

Com esse espírito é que fizeram seu pedido e aguardaram que os pratos solicitados chegassem.

O serviço do restaurante acabou por se revelar extremamente lento, e um dos senhores começou a reclamar: “o garçom parece uma lesma! Onde é que ele pensa que está? Acho que está fazendo isso de propósito.”

E assim foi durante todo o jantar. Uma ladainha de reclamações.

Reclamou da comida, da louça, dos talheres e de todos os detalhes que descobriu não lhe agradarem.

Ao final da refeição, o garçom chegou e lhes ofereceu duas sobremesas, a título de cortesia.

“É como uma compensação”, disse gentil, “pela demora do serviço. Estamos com falta de pessoal, hoje. Houve um falecimento na família de um dos cozinheiros, e ele não veio trabalhar. Além disso, um dos auxiliares avisou que estava doente, na última hora. Espero que a demora não lhes tenha causado nenhum aborrecimento.”

Enquanto o garçom se afastava, o homem descontente resmungou entre os dentes, deixando escapar a sua irritação: “mesmo assim, nunca mais vou voltar aqui.”

Este é um pequeno exemplo de como contribuímos para nosso próprio sofrimento.

Levando a questão para o lado pessoal, como se tudo fosse feito de propósito contra nós; imaginando que as pessoas e o mundo giram em torno de nós, nos tornamos infelizes.

No caso apresentado, o resultado foi uma refeição desagradável para ambos.

E com grandes possibilidades de, por causa da irritação, terem problemas de saúde, na seqüência. A comida ingerida lhes fazer mal.

Além, é claro, do aborrecimento, do desconforto, ante tanta reclamação. E tudo podia ter sido resolvido de forma tão fácil, com um pouco de paciência e tolerância.

Convenhamos, ainda, que se a pessoa olhasse ao redor e tivesse um mínimo de sensibilidade, teria podido constatar que havia falta de pessoal, que os que estavam trabalhando se esforçavam ao máximo.

Isso, se não olhasse somente para si mesmo.

* * *

Jacques Lusseyran, cego desde os oito anos de idade, foi fundador de um grupo de resistência na segunda guerra mundial.

Acabou sendo capturado pelos alemães e encarcerado em um campo de concentração.

Mais tarde, quando relatou as suas experiências no campo de prisioneiros, afirmou:

“Percebi que a infelicidade chega a cada um de nós porque acreditamos ser o centro do universo. Porque temos a triste convicção de que só nós sofremos de forma insuportável. A infelicidade é sempre se sentir cativo na própria pele, no próprio cérebro.”

Pensemos nisso.

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