domingo, 1 de fevereiro de 2009

SEXUALIDADE E VIDA

O dia se transformara em uma fímbria de luz coroando os montes, ao longe.

O Bem-aventurado terminara a Sua alocução. No entanto, alguns casais jovens se acercaram e pediram-Lhe para que lhes falasse sobre sexo.

Transparecendo na face marcada o respeito pelo tema sugerido, Ele assim considerou:

“ — O sexo é departamento sublime do corpo, destinado à perpetuação da vida. Feito para a criatura, esta lhe deve disciplina e orientação, ao invés de tormento e gozo. Ou o indivíduo governa o sexo ou lhe tomba exaurido na dissolução do apetite incontrolado.

Instrumento de dois agudos fios, ele faculta a alegria que fomenta a harmonia, assim como conduz à tristeza que leva ao desconforto.

Enraizado no ser, não exige complementos extenuantes para a sua satisfação. A mente insana, no entanto, se atormenta, utilizando-se de recursos perniciosos que o desagradam, desviando-o da sua finalidade superior.

Somente com o elevado controle interior, que responde pela satisfação plena das faculdades, é que se logra vencer o abrasar dos sentidos, nos quais seus ramos se estendem em inumeráveis direções.

O Espírito não possui sexo, que é impositivo transitório da existência corporal para experiências nas polaridades masculina e feminina. Por isto, ninguém é responsável pela queda de outrem, senão, quando este sofre o tormento do descontrole pessoal. Não se culpe, desta forma, a ninguém de ser a tentação para o seu próximo. Cada qual vê, no exterior, o que carrega interiormente.

Uma boa aparência pode sensibilizar, levando ao desejo da concupiscência. A entrega, porém, não aquieta o coração, antes desperta mais rudes paixões, que terminam em esgotamento ou saturação.

O alimento se destina à nutrição e manutenção do corpo e não à satisfação da gula. Da mesma maneira, o sexo tem a finalidade de atender a reprodução da forma sob o impositivo da lei natural e não para ser transformado em fonte de gozos insaciáveis.

É necessário que a força sexual seja canalizada para as construções do espírito, na arte, no saber, na realização.

Agredido pelo desejo infrene o homem deve orientá-lo com segurança, porquanto não há manifestação natural da vida orgânica que não possa ser comandada corretamente.

No oceano deságuam os rios que vencem as distâncias. No equilíbrio da vontade se encontram em harmonia todos os desejos sem nenhum choque. Assim, os instintos se transformam em sentimentos e estes se sublimam na área da razão.

O sexo é instrumento da Vida.”

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