Cada indivíduo é a soma das experiências multifárias no seu processo de evolução.
Etapa a etapa, adquire recursos que o preparam para cometimentos mais amplos e realizações mais expressivas.
Por isso mesmo não existem dois processos de desencarnação iguais, já que as existências humanas são diferentes.
Assim como a roupagem física é modelada pelos conteúdos morais do ser espiritual, e vai imantada molécula a molécula ao Espírito reencarnado, o seu desprendimento também ocorre através da ruptura dos laços que o atam a essas estruturas celulares uma a uma.
Conforme os hábitos mentais cultivados, o processus mortis obedece às fixações mantidas em maior ou menor grau de intensidade.
Quando ocorre a parada cardíaca e, por extensão, a morte do tronco cerebral, tecnicamente o corpo se encontra sem vida, passando ao estado de cadaverização.
Não obstante, a desencarnação real, a liberação dos vínculos, obedece a fatores de natureza moral, relativos ao modo como cada qual se houve durante a jornada ora concluída.
Os sensualistas, todos quantos da vida somente coletaram benefícios e gozos, ou se permitiram apegos injustificáveis, ou mantiveram sentimentos perturbadores, encontrarão grande dificuldade para se desimantarem dos despojos materiais.
Lutam com desesperação para revitalizar o corpo inanimado, movimentá-lo, comunicar-se por seu intermédio, experimentando inenarrável angústia ante a impossibilidade de consegui-lo.
Porque desacostumados à reflexão e ao equilíbrio, enfurecem-se, e, transtornados, mais aumentam a própria alucinação, que prolongam por largo período de sofrimento...
Pelo contrário, quem se acostumou à renúncia e à generosidade, à meditação e aos exercícios espirituais, facilmente se desencharca dos fluidos mais grosseiros, liberando-se com rapidez e adquirindo lucidez a respeito da ocorrência fatal e inevitável.
Nas mortes violentas, porque inesperadas, o choque, não raro, oblitera o raciocínio, exigindo cuidados especiais dos Missionários do bem, que não cessam de socorrer todos aqueles que se encontram em estado de sofrimento e de penúria.
Inversamente, nas enfermidades prolongadas, carpidas com humildade e coragem, nas quais as energias se vão consumindo, o desprendimento faz-se sucedido pela alegria do imediato recobrar da consciência e, com lucidez, reencontrar os seres queridos que vêm receber e, saudar na aduana da Vida em triunfo.
A contribuição dos afetos que permanecem no corpo pode tornar-se relevante ou não, assim como de alto significado.
Enquanto que o desespero dos familiares, as blasfêmias e imprecações se transformam em petardos mentais que aturdem o desencarnado, os pensamentos de amor, de gratidão, chegam-lhe como reconforto e ânimo, facilitando-lhe a compreensãodo ocorrido e a alegria de se sentir amado, predispondo-o ao crescimento interior para prosseguir vinculado, auxiliando-se mutuamente.
Ao rememorar-lhe os momentos felizes e envolvê-lo nos tecidos suaves da saudade feita de ternura, alcançam-lhe os painéis agradáveis de lembranças enriquecedoras.
À medida que o corpo de transforma, esse Espírito tranqüilo o bendiz, facilmente adaptando-se ao Grande Lar.
Como medida terapêutica preventiva e eficaz para um despertar saudável além da morte, convém que se reservem momentos diários para pensar-se nela e na libertação dos resíduos orgânicos, ao tempo em que os hábitos mentais e morais construam uma existência digna, porquanto ser encerrada biologicamente essa etapa, ela irradiará as suas vibrações, que atarão o Espírito aos seus despojos ou se transformarão em asas, que o alçarão aos altiplanos felizes onde habitará a partir de então.
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