segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

FIEL PARA SEMPRE

No embate contínuo das inúmeras paixões para a intransferível
sublimação espiritual, o cristão, descontente com as concessões que
frui, compreende a necessidade de prosseguir lutando.
O triunfo imediato, as glórias fáceis, as alegrias ligeiras não
o fascinam, porque lhes confere a transitoriedade.
Ante os monumentos colossais do passado, agora corroídos
pelo tempo, constata a vacuidade dos bens terrenos.
Colunas de mármores raros cinzelados, granitos preciosos
ornados de metais que produzem pujança e beleza deslumbrante,
ressurgem, frios, tristes, aos seus olhos, narrando a história das
mãos escravas que os trabalharam, lavando com suores e
lágrimas de sangue a poeira que os instrumentos produziram ao
dar-lhes forma arrancando dos minerais brutos a mensagem da beleza.
Museus abarrotados de valores de alto preço, que descrevem
conquistas e poder, parecem páginas que choram em esculturas
quebradas e ornatos incompletos, preciosidades mortas, fitando
homens que a miséria mata desde a orfandade e que, possivelmente,
foram os mesmos, que um dia no passado, se banquetearam
na abastança da ilusão.
Lajes que suportaram, indiferentes, o tropel de exércitos com
os seus animais e carros de guerra, continuam, gastas, suportando
máquinas velozes que a técnica constrói...
E as paixões hoje são quase as mesmas de ontem, senão mais
açuladas, mais violentas e devastadoras, no homem que
prossegue inquieto.
Fala-se muito sobre tais belezas, ora transformadas em
mausoléus de lembranças.
Sem dúvida, retratam a arte, expressam grandezas
espirituais, muitas delas.
Fitando-as, todavia, não há como deixar de inquirir:
“Se Deus concede ao homem ímpio e infeliz tanta fortuna,
que não reservará ao filho generoso e trabalhador que Lhe é fiel?!”
Luta, pois, e sofre, mesmo sozinho.
Desencarcera-te das primitivas manifestações do instinto,
por cujos impulsos tens transitado e ascende aos panoramas da
emoção superior, buscando com os sentimentos nobres e a
inteligência lúcida, a intuição libertadora.
Não te equivoques com o sorriso dos conquistadores iludidos,
nem suponhas que, promovendo alaridos, eles hajam
encontrado a felicidade.
O júbilo que promove balbúrdia é loucura em plena explosão.
A alegria que brota de dentro é como córrego precioso, que
nasce discretamente e dessedenta a terra por onde cantam,
docemente, suas águas passantes.
A atroada dos infelizes é produzida pela fuga que
promovem, aparentando festa interior.
Ei-los que se embriagam por um dia, se entristecem
no outro, murcham repentinamente e se desgarram
na excentridade das alienações mentais, conquanto aplaudidos
por outros enfermos, sumindo pela porta do suicídio direto ou
indireto para defrontar a realidade dolorosa, logo depois.
Todo cristão autêntico sofre um “espinho na carne”, que
lhe dói e é, também, sua advertência.
O Calvário não é apenas a recordação ou o nome
do lugar onde Ele padeceu.
É a mensagem eterna da superação do Filho de Deus
a todas as contingências, circunstâncias e imposições humanas,
falando de amor, coragem, renúncia e fé.
Todos os mártires da fé, os heróis do bem e os santos
do amor, caminhando entre os homens, sofriam com alegria
o seu calvário, que era o sinal de união contínua com Ele, o Herói Estelar.
Abre, desse modo, os teus braços, submete-te à cruz redentora e avança.
Pára a ouvir um pouco as vozes do passado que ensinam
experiências e não temas: sê fiel a Jesus até o fim!

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