sábado, 3 de maio de 2008

PARODIANDO SÃO FRANCISCO

O homem se deve preocupar quando:

Esteja guindado às posições relevantes:

sob a bajulação dos frívolos;

diante dos êxitos embriagadores;

desfrutando de saúde e regalias;

usufruindo júbilos e planificando novas alegrias;

assessorado pelo gozo;

beneficiado pela fortuna;

cercado por apaniguados do triunfo;

sorvendo os capitosos vinhos da ilusão;

alimentando-se das iguarias seletas;

em repouso remunerado;

acarinhado por todos;

deslizando sobre os tapetes da fama;

regiamente amparado;

conhecido e comentado;

no topo da glória...



... Pois que muito será pedido àquele a quem muito foi dado.

A vida pede retribuição aos investimentos que realiza.

A tranqüilidade e a alegria perfeita são resultados da luta sem

quartel a que se entrega, em consciência, o homem que pensa.



Ela advém quando:

abraçando o ideal do bem, sofre;

buscando amparo, é desconsiderado;

necessitando de repouso, é expulso da enxerga em que se deita;

o próprio lar se converte em campo de batalha;

a enfermidade roda e domina;

a solidão se torna o clima de toda hora;

a solidão se converte em supliciadora;

o Sol arde-lhe na pele;

o inverno cresta-lhe o entusiasmo;

e sentindo-se sem apoio nem amizade, pode cantar e bendizer.

A alegria perfeita é o poema de paz que o coração amoroso

expressa quando, no mundo, tudo são desafios e sofrimentos,

mas a certeza do reino de Deus plenifica e liberta.

Assim responderia hoje São Francisco a frei Leão, atualizando

o memorável diálogo na estrada poeirenta entre Assis e Santa

Maria dos Anjos.

Oitocentos anos depois, certamente se interrogado, dessa forma

teria o Santo definido o que é a alegria perfeita.

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