sábado, 16 de fevereiro de 2008

REAÇÃO

Observa as flores humanas que assomam chorando nos torturados berços do
sofrimento.
Feridas congeniais lhes assinalam a contextura.

Despontam na árvore familiar, agitadas pela ventania de agitadas
flagelações, reclamando assistência e socorro, compaixão e entendimento.

Diante delas, muita vez, o filósofo invigilante recusa a fé no burilamento
final do gênero humano, e o religioso incompleto começa a indagar sem razão,
quanto à eqüidade na Justiça de Deus.

É que nessas criancinhas, sob o ferrete da expiação, voltam ao campo da
experiência terrestre quantos se fizeram no mundo instrumentos da crueldade
para os outros e para consigo mesmos.

Aqui é o juiz venal que regressa com cérebro embaciado, incapaz do
pensamento correto.

Ali, é o cirurgião que abusou dos próprios recursos, para estender
homicídios inconfessáveis, reaparecendo sem mãos para novas lutas na vida.

Acolá, encontraremos o esportista elegante que se valeu de dons respeitáveis
para furtar a felicidade dos outros, retomando o indumento carnal com as
doenças inquietantes a lhe curar os centros nervosos intoxicados por ele
mesmo e, mais adiante, surpreendemos a mulher vaidosa e insensata, que
aproveitou a própria beleza para destruir a paz de lares promissores,
ressurgindo no corpo retardado e disforme para rude estação na penúria e na
idiotia.

Diante do berço martirizado, lembremos as nossas próprias dívidas e
auxiliemos as avezinhas do infortúnio a refazerem as próprias asas, no visco
da provação a que ase atiraram, desprevenidas, porque todos detemos
compromissos enormes na contabilidade Divina e todos, no tempo justo,
seremos inevitavelmente chamados ao justo acerto, necessitando igualmente da
dor mais alta, a fim de que sejamos conduzidos à harmonia maior.

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