Para muitas pessoas, o passado é uma grande ferida. Elas anelam pela
liberdade, mas não conseguem libertar-se das garras da sua história
sofrida.
E uma das piores formas de escravidão é viver sob o jugo de um
passado marcado por lembranças traumáticas. É como tocar um corpo
cheio de feridas abertas. Qualquer toque é uma experiência de dor.
Qualquer lembrança é uma lágrima revivida.
Entre as muitas feridas que fazem a alma sofrer, três são muito
profundas: a dor da rejeição, a da traição e a da mentira.
Quando não superadas, elas evoluem rapidamente de feridas emocionais
a tumores na alma, com alto poder de metástase, afetando áreas
vitais da existência, destruindo a liberdade, a felicidade e os sonhos.
A rejeição é uma ferida que precisa ser sarada. Ela produz
insegurança, medo, frustração e complexo de inferioridade. Não há
como mensurar a dor de uma pessoa que se sente rejeitada, sobretudo
por alguém que ela julgava especial.
Ela se sente um nada. Essa terrível dor tem marcado o coração de
muitos filhos, ante a separação dos pais; de muitos pais, na solidão
da velhice; de muitas mulheres, ao verem o marido abandonar o lar,
indo parar nos braços de outra.
A dor da traição é outra coisa terrível. Ela é silenciosa e
insuportável, afeta a auto-estima, produz revolta e desejo de
vingança.
Geralmente, a resposta à traição é outra traição, que é uma forma
disfarçada de auto-agressão. Quando uma pessoa age assim, fere a si
mesma e aumenta a sua própria dor. Como é dito no Salmo 42:7, um
abismo chama outro abismo.
Toda pessoa traída se enche de culpa e revolta, e acaba expondo a
sua existência a uma grande enfermidade emocional: a amargura.
Pessoas amarguradas perdem a visão de novos horizontes por viverem
presas a um passado sombrio.
A superação da traição envolve o perdão e o amor próprio. Perdoando,
somos libertos; amando a nós mesmos, podemos amar outra vez e sonhar
com novos dias.
A mentira produz também os seus males. E quanto mais próximo for o
mentiroso, mais aumenta a dor de quem se sente enganado. Assim, a
mentira contada por um cônjuge, uma pessoa amada, sempre dói muito
mais.
Quanto maior for a proximidade de quem engana, tanto maior será a
ferida no coração. A dor do engano produz desconfiança, insegurança,
revolta e isolamento. É como se uma porta, em nós, se fechasse para
a vida.
Como então tratar as feridas na alma? O remédio está na combinação
de três fatores que interagem terapeuticamente: a força do tempo, a
experiência do perdão e a graça divina.
O tempo ameniza a nossa dor, o perdão nos liberta do passado
sombrio, e a graça divina nos fortalece e faz-nos sonhar outra vez.
terça-feira, 9 de março de 2010
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