segunda-feira, 8 de março de 2010

O VERDADEIRO JEJEUM

Evangelho segundo Mateus 9,14-15
Naquele tempo, os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e
perguntaram: "Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas
os teus discípulos não?"
Disse-lhes Jesus: "Por acaso, os amigos do noivo podem estar de
luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será
tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão". - Palavra da Salvação.

Reflexão
Deus não precisa da nossa abstinência, do nosso jejuar; o jejum
pelo jejum não possui sentido se ele não vier assumido com outras
realidades do motivo de nos propormos a jejuar. Quando jejuamos, o
fator decisivo é a nossa autodisciplina; precisamos disciplinar nossos
sentidos, nosso corpo, contra os apetites da carne, ou seja, das não
vontades do espírito. Há uma luta da carne contra o espírito; o jejum
fortalece o espírito para que a vontade de Deus aconteça e prevaleça
em nós.

Isaías nos diz, que o verdadeiro jejum que agrada a Deus é aquele
que nos conduz à mudança de vida; jejuar significa romper com todas
aquelas realidade de morte e de escravidão que estão dentro de nós;
jejuar é romper com aquelas realidades que fazem com que nós não
sejamos canais da graça de Deus na vida das pessoas. Não adianta
jejuar se continuamos querendo levar uma vida dupla, medíocre,
hipócrita; o verdadeiro jejum é aquele que nos leva a uma mudança de
vida. Este, sim, agrada verdadeiramente o Coração de Deus.

Quando jejuamos não nos propomos a passar por um teste de
resistência; não temos que provar nada para ninguém! Jejuo porque
preciso de conversão, que passa pelo fortalecimento da minha vontade
em querer fazer a vontade de Deus em minha vida. Todavia, todo jejum
deveria ser acompanhado de uma obra de misericórdia, ou seja, daquilo
que me abstenho, proporciono-o para aquele que não tem nada.

O que significa: "Enquanto o noivo está, não se jejua"? Significa
que enquanto Jesus está verdadeiramente sendo assumido em nossa vida,
o espírito é quem rege a nossa vida; a vontade em nós é a vontade de
Deus. Por sua vez, quando vamos nos afastando do Noivo, ou seja, de
Jesus, em nossa vida, precisaremos retornar a partir de uma vivência
de jejum, oração e caridade. Este é o sentido da Quaresma: tempo de
conversão, de retomada, de proximidade com o Senhor para que Ele possa
ressuscitar em nós e nós n'Ele.

Para isso, precisamos fazer uma pergunta muito importante - a
partir desta Palavra para nós hoje -: Como se encontra o nosso
guarda-roupa, por exemplo? Tertuliano - um Santo Padre da Igreja -
afirma que aquilo que está em nosso guarda-roupa por mais de um mês
sem que o tenhamos utilizado, está faltando no corpo de um necessitado
e seremos responsabilizados por isso! O que podemos e vamos fazer para
com aqueles mais necessitados, aqueles que mais necessitam? Este é o
jejum que agrada a Deus, segundo Isaías: conversão (quebrar as cadeias
injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão
detidos, enfim, romper com todo tipo de sujeição) e obras de
misericórdia (alimentar os famintos, dar de beber aos sedentos, vestir
os nus, acolher os peregrinos, dar bons conselhos, educar os
ignorantes, ter misericórdia dos pecadores, ter paciência com os que
estão no erro, etc.).

A partir disso, para que haja uma comunhão por excelência entre
mim (Igreja) e o Noivo (Cristo) só há uma alternativa: conversão
(jejum) e ação (caridade/esmola). Caso contrário, há o distanciamento
do Noivo. Aliás, Deus nunca se afasta de nós, pois se assim o
quisesse, deixaríamos de existir imediatamente e Ele não pode negar-se
a si mesmo; por isso nunca se afasta de nós. Na verdade, somos nós que
nos afastamos do Altíssimo. Mas Deus, na Sua infinita misericórdia,
quer se encontrar conosco neste tempo de conversão e retomada.
Convertamo-nos!

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