sexta-feira, 23 de abril de 2010

Até no riso tem dor o coração

Por que até nos mais altos
graus de felicidade o coração
continua inquieto?

Por que não podemos aceitar
simplesmente a alegria e abraçá-la
com todo nosso corpo e com
toda a nossa alma?

A felidade dá medo,
não dela mesma,
mas de não ser real,
de ser demais,
de ser um sonho...
por isso tanta inquietação nos
momentos que poderiam
ser vividos como se os outros
não mais existissem,
por isso o olhar pra trás pra
ver se a tristeza não seguirá
o mesmo caminho,
não virá estragar esse tão
esperado bocado de alegria.

E por que ficamos nesse estado
de expectativa é que não
tomamos posse total daquilo
que recebemos.

Parte de nós se alegra
e outra vigia,
olha de lado, espera até,
para que depois nos sintamos
reconfortados no nosso
desejo de ter razão.

Deus não nos dá presentes
pela metade.
Aquilo que nos oferece,
oferece inteiramente e se
não aproveitamos plenamente
daquilo que recebemos é porque
nós mesmos estragamos isso
com nossas dúvidas
e incertezas.

Abrimos nosso coração
e deixamos nele uma
janela aberta para ver voar
nossa alegria.
E ainda nos consolamos depois
dizendo que a vida é assim.

Não... a vida não é assim!
Nós a fazemos!

As pessoas mais felizes são
aquelas que bebem o riso
e se sustentam desse momento
presente como se amanhã
nunca fosse chegar.

Elas pegam de cada dia
aquilo que recebem,
selam cada noite e cada manhã
com uma oração de agradecimento
e bastam-se.

Devemos aprender que
a vida não é uma fatalidade,
embora existam momentos fatais.

A alegria não é irmã gêmea
da dor e o riso não dá a
mão ao choro.

Somos nós os responsáveis
desse estado de espera,
nós que atraímos pra dentro
aquilo que repudiamos.

Aquele que quer ficar doente,
fica doente,
aquele que quer curar-se,
cura-se.

O que tem fé vai muito longe
e o que aproveita da vida,
come,
bebe e dorme e ainda
é coroado com lindos sonhos.

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