"De maneira que andem na prudência dos justos." (Lucas, 1:17.)
Este, precipitando conclusões mentais chegou, através de
raciocínios falsos, a desequilíbrio injustificado.
Aquele, acoimado por inquietação exorbitante, atirou-se em
torvelinho pela rota, cansando-se, exaustivamente, a meio da jornada.
Esse, por distonia da razão, desesperou-se sem motivo real e
exauriu as possibilidades da serenidade interior.
Aqueloutro, pelo hábito contumaz da irreflexão, saltou no
despenhadeiro da loucura, perdendo a oportunidade feliz.
Estoutro, condicionado pelas aflições exteriores, deixou-se
empolgar pela ira e agiu com desacerto.
Essoutro, vitimado pelos condicionamentos da vida em
desordem, permitiu-se corromper, antes de usar as ensanchas do bem,
perdendo-se a si mesmo.
A prudência é atitude de sabedoria.
Prudência no falar; prudência no agir; prudência quando pensar.
Falar com prudência conduz o homem a atitude refletida, pois
falando o homem perde o domínio das palavras, que, desatreladas,
lavram incêndios, promovem conflitos, desarticulam programas salutares.
A palavra não pronunciada é patrimônio precioso de que o
homem se pode utilizar no momento justo; a palavra liberada pode
converter-se, quando dita sob impropérios, em látego que volta a punir
o irresponsável que a libera.
A ação precipitada, sem a necessária prudência,
invariavelmente engendra desacertos e aflições sem nome, conduzindo o
aturdido ao despenhadeiro do insucesso, em cuja rampa o remorso chega
tardio.
Antes de agir o homem é depositário de todos os valores que
pode investir. Após a ação colhe os resultados do ato.
Agir, portanto, através da ponderação a fim de que a atitude
não se converta em algoz, que escravize o próprio instrumento.
Pensar prudentemente.
Uma palavra que nos chega aos ouvidos, ferinte, conduz-nos a
uma posição exaltada, impedindo, em conseqüência, a perfeita ordenação
mental, que assim nos induz, através de ângulos falsos da observação
perturbada, a resultados danosos.
Pensar refletindo predispõe a ouvir, acostumando a ver,
criando o hábito de ponderar para, então, chegar às legítimas
conclusões em torno dos veros problemas da vida.
Precipitado, Napoleão conquistou a Europa e, refletindo,
meditou tardiamente nos erros cometidos, em Santa Helena.
Conduzido pela supremacia da força, Alexandre Magno dominou o
mundo e febres estranhas tomaram-lhe o corpo jovem, antes das
reflexões de que muito necessitava.
Com prudência Jesus pensou, falou e agiu.
Construído, paulatinamente, surge um reino de venturas plenas
que a pouco e pouco, não obstante a precipitação destes ou daqueles
apaniguados do mundo, vai fixando os seus alicerces no imo dos homens,
como bandeira de paz e de esperança para a humanidade inteira na
direção dos milênios.
Prudência, pois, como atitude de santificação interior.
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