sábado, 11 de outubro de 2008

A arte de ser feliz

Todos nós buscamos aprender a nobre arte da felicidade.

Muitos nessa busca sofrem tanto que nem se lembram de como era ser feliz, ou como é a felicidade.

Vivemos à deriva como náufragos da nossa própria existência, sem saber em que porto atracar a nossa embarcação tão judiada pelo tempo, tão lotada de mágoas e desesperança e tão vazia de vida.

Quantas vezes nos deparamos com situações em que não entendemos o porquê de estarmos passando uma fase triste, o porquê de acontecer conosco, afinal nada fizemos por merecer e, mesmo assim, nada de maravilhoso acontece em nossas vidas.

Em verdade, eu digo: precisamos de certas experiências para crescer ou para aprendermos e dessas experiências extrairmos esses ensinamentos.

Não fosse assim, pessoas com mais idade seriam inconstantes e profundamente angustiadas ou ansiosas, mas ao contrário são pessoas que mesmo marcadas pelo tempo trazem a serenidade em suas faces e um certo olhar contemplativo como já soubessem de todos os caminhos.

Já não podemos dizer isso dos mais novos, que com certa angústia e ansiedade, nada sabem e passam a achar a vida uma tremenda caretice.

Eu sei!

As perguntas são: preciso sofrer antes, para ser feliz depois? A vida precisa revelar-se muitas vezes amarga para mim, para que lá na frente eu seja doce? Por que tal pessoa se dá sempre bem e não merece? Por que eu que faço por merecer não me dou bem? Por que não tenho quem me ame de verdade? Por que ele consegue e eu não?

Eu diria que existem dois caminhos: o aprendizado pelo sofrimento e o aprendizado pela dor.

Esse nos ensina de uma maneira dura, colocando-nos literalmente para baixo, tirando-nos o chão em que muitas vezes pisamos os outros, arrancando o nosso orgulho e todos aqueles preconceitos idiotas que carregamos, fazendo com que nos sintamos um César romano, mandando prender ou soltar os cristãos.

Somos tão apegados à matéria que a vida tem que extrair nossos bens materiais para que possamos valorizar o espírito e nos aproximarmos de Deus.

É assim que acontece e eu afirmo por experiência de vida.

Sinta-se feliz quem não precisou cair em um leito de hospital para ter que repensar esses valores.

Também existe o lado brando e sereno, em que a vida coloca à nossa frente pessoas que alteram em cento e oitenta graus a nossa rota.

Às vezes uma criança no seio da nossa família, uma viagem inesperada, a lembrança de alguém que resolvemos reencontrar, um amor que tanto sonhamos.

E quando isso acontece não damos muita importância.

Um velho amor que se renova.

Isso acontece de maneira suave e não causa sofrimento; ao contrário, muita felicidade e alegria em navegar por esses novos mares.

Hoje eu digo: que a arte da felicidade é essa mistura às vezes salgada, às vezes doce, muitos momentos duros e difíceis, mas cheia de horas agradáveis e salutares que devemos temperar e realizarmos a tal alquimia.

Portanto, está aí a maneira de usarmos com sabedoria essa arte da felicidade.

Saber que sempre iremos caminhar para a evolução, seja sofrendo e aprendendo, seja aprendendo sem sofrimento e não há uma maneira de nos livrarmos disso.

Não dá para faltar às aulas da vida esteja você acordado, dormindo, sonhando entorpecido pelas drogas, apaixonado, carente ou angustiado.

Portanto, cada um de nós terá um tempo de sofrimento e um tempo de alegria e de paz.

Cada um de nós terá que aprender a alquimia de transformar ao longo da vida: dor em um sentimento mais nobre, talvez a compaixão, ansiedade quem sabe em contemplação, angústia em perseverança, solidão em presença de espírito e ódio em amor incondicional.

E descobrir a verdadeira arte de ser feliz.

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