domingo, 12 de outubro de 2008

DÁI-NOS ALMA, SENHOR

Lágrima escondida na clausura
Dos olhos já cansados do infinito.
A que não cura o silêncio e a amargura.
Que não é queixa e não emite um grito.

Aquela que não dá trégua e consolo.
A que fere, obceca e atormenta.
A que não tenta mostrar-se e ficar nua
E faz a pena interminável e lenta.

Cântaros secos a assomar aos olhos
Estáticos, vazios e sem brilho.
Que enche o coração e o consome
Na dor que chega sem mandar aviso.

Manancial retido na garganta
Que no silêncio do ser não se dilui.
Onde não nasce o alívio da esperança
Mas sempre vem aos olhos e não flui.

A que não podem ver porque escondida
Na angústia incessante e rotineira.
É preciso meu Deus, que eu tenha alma!
Mas muitos não têm alma para vê-la.

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