quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

PACIÊNCIA SEMPRE

Habitualmente, paciência é um artigo que aspiramos a adquirir
de exportação alheia, na loja da vida.

Para pesquisar, entretanto, a existência desse talento em
nós, urge observar as nossas reações no cotidiano.

Para isso, não é a manifestação menos desejável do próximo
que nos favorecerá o estudo preciso e sim o próprio comportamento
analisado por nós mesmos.

O chefe que se desmandou em gritaria terá encontrado
motivos para agir assim, em vista das aflitivas questões que lhe
esfogueiam o pensamento.

O subordinado que aderiu à rebeldia, entrou, possivelmente,
em perturbação, induzido pelas constrangedoras necessidades materiais
que lhe corroem o mundo íntimo.

O amigo que se aborreceu indebitamente conosco decerto
abraçou semelhante procedimento, impulsionado por lamentáveis equívocos.

O adversário que se fez mais azedo, atirando-nos pesadas
injúrias, terá descido a crises mortais de ódio, reclamando, por isso,
mais ampla dose de compaixão.

O companheiro que nos espanca mentalmente com o relho da
cólera jaz, sem dúvida, ameaçado de colapso nervoso, exigindo o
socorro do silêncio e da oração, a fim de não cair em moléstia mais
grave. O irmão que abraçou aventuras menos felizes, provavelmente
haverá resvalado na sombra de perigosa ação obsessiva, cujos meandros
de treva não somos ainda capazes de perceber.

*

Paciência é tesouro que acumulamos, migalha a migalha de
amor e entendimento, perante os outros; para conquistá-lo, no entanto,
é forçoso saibamos justificar com sinceridade a irritação e a
hostilidade, sempre que surjam naqueles que nos rodeiam.

Em síntese, se desejamos a própria integração com os
ensinamentos do Cristo, é imperioso compreender que todos os irmãos
destrambelhados em fadiga ou desfalecentes na prova, ainda inscientes
quanto às próprias responsabilidades, têm talvez razão de perder o
próprio equilíbrio, menos nós.

Sem comentários: