quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

CIÚME - O MEDO DA PERDA

Ciúme um sinal de alerta
O sempre muito discutido e complexo sentimento de amor sempre é
acompanhado de um outro sentimento agregado que é o de cuidado, de
zelo para com a pessoa amada.

Quem verdadeiramente ama, quem quer bem,
cuida para que a pessoa amada se sinta realmente bem, acolhida,
querida, respeitada. É um sentimento de alteridade, isto é, voltado para o outro (alter) e não para si mesmo.

É querer o bem do outro pelo outro e para o outro. Uma distorção deste zelo e que, curiosamente tem sua origem etimológica ligada à ele, é o sentimento de ciúme que vem
do latim zelumem e do grego zelus.

Esta confusão de palavras leva
muita gente, principalmente os de origem latina, a apresentar um certo cultivo deste desagradável sentimento, chegando, mesmo, a encará-lo como uma prova de amor. Mas, se analisarmos mais detalhadamente o ciúme, podemos perceber, logo de início, que não se trata de um sentimento voltado para o outro, mas sim voltado para si mesmo, para quem o sente, pois é, na verdade, o medo que alguém sente de perder o outro ou sua exclusividade sobre ele.

É um sentimento egocentrado, que pode muito bem ser associado à terrível sensação de ser excluído de uma relação. O normal, mais comum, é a pessoa sentir-se enciumada em
situações eventuais nas quais, de alguma forma, se veja excluído ou ameaçado de exclusão na relação com o outro. Em um grau maior de comprometimento emocional, quando há uma instabilidade neurótica ou de
auto-afirmação, a pessoa pode apresentar-se como ciumento. Neste caso, a sensação permanente de angústia e instabilidade, a insegurança em relação à si mesmo e ao outro, além da fragilidade da relação afetiva, podem levar à pessoa a manter um permanente "estado de tensão", temendo ser traído ou abandonado.

Qualquer sinal do outro pode
significar algo e a angústia da dúvida corrói a alma de quem é
ciumento. Em uma terceira situação, ainda mais grave sob o ponto de vista de comprometimento do psiquismo, podem ocorrer situações
delirantes em que, a desconfiança do ciumento cede lugar a uma certeza infundada de que está mesmo sendo traído ou abandonado. O pensamento delirante muitas vezes toma conta de todo o psiquismo e atinge níveis insuportáveis de tensão interna.

Paralelamente a este SENTIR ciúme,
podemos avaliar a FORMA DE REAGIR perante este sentimento. Para a
pessoa supostamente saudável, o sentir-se enciumado a leva a
questionar-se sobre este sentimento; chega a compartilhar com o outro
este sentir e pode tirar daí algumas conclusões importantes sobre sua
forma de ser. Já o ciumento, que pode até não ter muita ciência deste
seu sentimento, permanece em vigília o tempo todo, tenso, aflito,
tomando atitudes algo destemperadas, sempre procurando uma forma de
confirmar suas suspeitas. Isto pode ir de um soturno ato de vasculhar
bolsas e bolsos, checar ligações telefônicas e até seguir ou mandar
seguir o outro pelas ruas em busca de provas de sua infidelidade. Suas
reações no dia-a-dia são geralmente agressivas, acusadoras,
desconfiadas, causando um grande mal-estar na relação.

O terceiro
tipo, o chamado ciúme patológico, também conhecido como "Síndrome de
Otelo", em referência ao personagem shakespeariano que sofria deste
mal, pode levar a pessoa a cometer atos de extrema agressividade
física, configurando aqueles casos que recheiam as crônicas policiais
de suicídios e homicídios passionais.

Enquanto os casos mais brandos
de ciúme podem ser uma manifestação de má estruturação da auto-estima,
os intermediários refletirem estados neuróticos, os casos da "Síndrome
de Otelo" são, indiscutivelmente causados por patologias psiquiátricas
graves, as chamadas psicoses ou, ainda, por problemas neuro-
psiquiátricos como os diversos tipos de disritmia cerebral descritas
na Medicina.

De qualquer forma, o complexo sentimento de ciúme, longe
de ser aquele "condimento" que torna a relação amorosa mais
"apetitosa", é um sentimento que leva, via de regra, ao sofrimento de
quem o sente e, principalmente, de quem padece nas mãos de um ciumento
desconfiado e agressivo. O ciúme é, em última análise, um SINAL DE
ALERTA! É uma "luz vermelha" que se acende no painel da vida,
indicando que algo está falhando. Seja em um ou no outro, seja na
relação, algum "ruído" está denunciado pelo ciúme.

Quanto mais intenso
e menos controlável, maior o problema. Quanto maior a intensidade
desse sentimento, mais estaremos ultrapassando os limites da
normalidade, para, aos poucos, podermos ser devorados por uma obsessão
capaz de destruir qualquer relacionamento.

Deixar passar isto tudo em
branco, leva-nos a mal comparar com aquela terrível experiência do
acidente aéreo na região metropolitana de São Paulo em que o piloto,
segundo alguns comentários iniciais, teria ignorado os sinais emitidos
por um dos alertas por considerá-lo sem importância. O RESULTADO TODOS
NÓS SABEMOS...

1 comentário:

história disse...

É assim mesmo a desgraça do ciúme, passo por isso, e os sintomas são exatamente esses, me segue, me acusa, diz que tenho outros, acha que estou sempre mentindo, um horror.