quarta-feira, 16 de julho de 2008

CANTEIRO DE FLORES

Era um canteiro que ficava na janela.
Cheio de flores coloridas,

chamavam-se Onze Horas ,
e como seu nome, abriam-se àquela hora, alegrando o final da manhã.

Amarelas, brancas, laranjas, rosas...
Flores de sementes

cuidadosamente plantadas,

com amor e carinho.
Lembravam o pedacinho lúdico,

que ainda restava dentro de mim.
Enchia-me de alegria vê-las pela manhã

e corresponder ao sorriso
que sempre me davam,

quando abria a janela nos intervalos

do trabalho.
Mas o tempo passou e as coisas

se modificaram,

não havendo mais espaço para o canteiro, que foi esquecido debaixo da escada,

onde não havia luz.

Dois anos se passaram e revirando

debaixo da escada,

o canteiro foi encontrado.

Apenas um torrão de terra seca

e sem vida...
Por acaso, exposto ao sol e a chuva,

sem qualquer cuidado ou tratamento,
exibiu na primeira semana:

Pequenas folhas verdinhas;

Na terceira semana:
Tímidas flores coloridas;

E no final do primeiro mês:
Era o mesmo canteiro de flores

exuberantes e sorridentes,
o que me deixou maravilhada

e ao mesmo tempo arrependida

de ter desistido do canteiro...

Quantas sementes boas

temos guardadas em nossos corações? Quantas lembranças boas,

quanto sorriso, quanto desejo,

quanta força...

Porque permitimos que as lutas diárias,

que as pedras do caminho

nos impeçam de florir...
Porque pacificamente,

dia-a-dia nos tornamos canteiros

de terra seca, infrutíferos,

cabisbaixos e sem perspectivas?
Olhe dentro de você

e verás que há sementes esperando

apenas um pouco de luz e calor

para florescer...

É só se dar uma chance.

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