segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Aborto

Reconhecendo-se que os crimes do aborto provocado criminosamente
surgem, em esmagadora maioria, nas classes mais responsáveis
da comunidade terrestre, como identificar o trabalho
expiatório que lhes diz respeito, se passam quase totalmente
despercebidos da justiça humana?

ANDRÉ LUIZ: Temos no Plano Terrestre cada povo
com seu código penal apropriado à evolução em
que se encontra, mas, considerando o universo
em sua totalidade como o Reino Divino, vamos
encontrar o Bem do Criador para todas as criaturas,
como Lei Básica, cujas transgressões deliberadas
são corrigidas no próprio infrator, com o objetivo
natural de conseguir-se, em cada círculo de
trabalho no Campo Cósmico, o máximo de
equilíbrio com o respeito máximo aos direitos
alheios, dentro da mínima quota de pena.
Atendendo-se, no entanto, a que a Justiça Perfeita
se eleva, indefectível, sobre o Perfeito Amor, no
hausto de Deus "em que nos movemos e existimos",
toda reparação, perante a Lei Básica a que nos
reportamos, se realiza em termos de vida
eterna e não segundo a vida fragmentária que
conhecemos na encarnação humana, porquanto,
uma existência pode estar repleta de acertos
e desacertos, méritos e deméritos e a Misericórdia
do Senhor preceitua, não que o delinqüente
seja flagelado, com extensão indiscriminada
de dor expiatória, o que seria volúpia de
castigar nos tribunais do destino, invariavelmente
regidos pela Equidade Soberana, mas sim que o
mal seja suprimido de suas vítimas, com a possível
redução de sofrimento.
Desse modo, segundo o princípio universal do
Direito Cósmico e expressar-se, claro, nos
ensinamentos de Jesus que manda conferir
"a cada um de acordo com as próprias obras",
arquivamos em nós as raízes do mal que acalentamos
para extirpá-las à custa do esforço próprio,
em companhia daqueles que se nos afinem à faixa
de culpa, com os quais, perante a Justiça Eterna,
os nossos débitos jazem associados.
À face de semelhante fundamentos, certa
romagem na carne, entremeada de créditos
e dívidas, pode terminar com aparências
de regularidade irrepreensível para a alma
que desencarna, sob o apreço dos que lhe
comungam a experiência, seguindo-se de outra
em que essa mesma criatura assuma a empreitada
do resgate próprio, suportando nos ombros as
conseqüências das culpas contraídas diante de
Deus e de si mesma, afim de reabilitar-se ante
a Harmonia Divina, caminhando, assim,
transitoriamente, ao lado de espíritos
incursos em regeneração da mesma espécie.
É dessa forma que a mulher e o homem,
acumpliciados nas ocorrências do aborto
delituoso, mas principalmente a mulher,
cujo grau de responsabilidade nas faltas
dessa natureza é muito maior, à frente da
vida que ela prometeu honrar com nobreza,
na maternidade sublime, desajustam as energias
psicossomáticas, com mais penetrante desequilíbrio
do centro genésico, implantando nos tecidos
da própria alma a sementeira de males que
frutescerão, mais tarde, em regime de produção
a tempo certo.
Isso ocorre não somente porque o remorso se
lhes entranhe no ser, à feição de víbora magnética,
mas também porque assimilam, inevitavelmente,
as vibrações de angústia e desespero e, por vezes,
de revolta e vingança dos Espíritos que a
Lei lhes reservara para filhos do próprio sangue,
na obra de restauração do destino.
No homem, o resultado dessas ações aparece,
quase sempre, em existência imediata àquela
na qual se envolveu em compromissos desse jaez,
na forma de moléstias testiculares,
disendocrinias diversas, distúrbios mentais,
com evidente obsessão por parte de forças
invisíveis emanadas de entidades retardatárias
que ainda encontram dificuldade para
exculpar-lhes a deserção.
Nas mulheres, as derivações surgem extremamente
mais graves.
O aborto provocado, sem necessidade terapêutica,
revela-se matematicamente seguido por choques
traumáticos no corpo espiritual, tantas
vezes quantas se repetir o delito de
lesa-maternidade, mergulhando as mulheres
que o perpetram em angústias indefiníveis,
além da morte, de vez que, por mais extensas
se lhe façam as gratificações e os obséquios
do Espíritos Amigos e Benfeitores que lhe
recordam as qualidades elogiáveis, mais se
sentem diminuídas moralmente em si mesmas,
com o centro genésico desordenado e infeliz,
assim como alguém indebitamente admitido
num festim brilhante, carregando uma chaga
que a todo instante se denuncia.
Dessarte, ressurgem na vida física, externando
gradativamente, na tessitura celular de que
se revestem, a disfunção que podemos nomear
como sendo a miopraxia do centro genésico
atonizado, padecendo, logo que reconduzidas
ao curso da maternidade terrestre,
as toxemias da gestação. Dilapidado o
equilíbrio do centro referido, as células
ciliadas, mucíparas e intercalares não dispõe
da força precisa na mucosa tubária para a
condução do óvulo na trajetória endossalpingeana,
nem para alimentá-lo no impulso da migração
por deficiência hormonal do ovário, determinando
não apenas os fenômenos da prenhez ectópica
ou localização heterotópica do ovo, mas também
certos síndromes hemorrágicos de suma importância,
decorrentes da nidação do ovo fora do
endométrio ortotópico, ainda mesmo quando
este já esteja acomodado na concha uterina,
trazendo habitualmente os embaraços da
placentação baixa ou a placenta prévia
hemorragípara que constituem, na parturição,
verdadeiro suplício para as mulheres portadoras
do órgão germinal em desajuste.
Enquadradas na arritmia do centro genésico,
outras alterações orgânicas aparecem,
flagelando a vida feminina, como sejam o
descolamento da placenta eutópica, por
hiperatividade histolítica da vilosidade corial;
a hipocinesia uterina, favorecendo a
germicultura do estreptococo ou do genococo,
depois das crises endometríticas puerperais,
a salpingite tuberculosa, a degeneração
cística do cório; a salpigooforite, em que o
edema e o exsudato fibrinosos provocam a
aderência das pregas da mucosa tubária,
preparando campo propício às grandes
inflamações anexiais, em que o ovário e a
trompa experimentam a formação de tumores
purulentos que os identificam no mesmo
processo de desagregação; os síndromes
circulatórios da gravidez aparentemente
normal, quando a mulher, no pretérito, viciou
também o centro cardíaco, em conseqüência
do aborto calculado e seguido por disritmia
das forças psicossomáticas que regulam o
eixo elétrico do coração, ressentindo-se,
como resultado, na nova encarnação e em pleno
surto de gravidez, da miopraxia do aparelho
cardiovascular, com aumento da carga plasmática
na corrente sanguínea, por deficiência no
orçamento hormonal, daí resultando graves
problemas da cardiopatia conseqüente.
Temos ainda a considerar que a mulher
sintonizada com os deveres da maternidade
na primeira ou, às vezes, até na segunda
gestação, quando descamba para o aborto
criminoso, na geração dos filhos posteriores,
inocula, automaticamente no centro genésico
e no centro esplênico do corpo espiritual
as causas sutis de desequilíbrio recôndito,
a se lhe evidenciarem na existência próxima pela
vasta acumulação do antígeno que lhe imporá
as divergências sanguíneas com que asfixia,
gradativamente, através da hemólise, o rebento
de amor que alberga carinhosamente no próprio
seio, a partir da segunda ou terceira gestação,
porque as enfermidades do corpo humano, como
reflexos das depressões profundas da alma,
ocorrem dentro de justos períodos etários.
Além dos sintomas que abordamos em sintética
digressão na etiopatogenia das moléstias do
órgão genital da mulher, surpreenderemos
largo capítulo a ponderar no campo nervoso, à face
da hiperexitação do centro cerebral, com
inquietantes modificações da personalidade,
a raiarem, muitas vezes, no martirológico da
obsessão, devendo-se ainda salientar o caráter
doloroso dos efeitos espirituais do aborto
criminoso, para os ginecologistas e
obstetras delinqüentes.
Para melhorar a própria situação, que deve
fazer a mulher que se reconhece, na atualidade,
com dívidas no aborto provocado, antecipando-se,
desde agora, no trabalho de sua própria
melhoria moral, antes que a próxima existência
lhe imponha as aflições regenerativas?
ANDRÉ LUIZ: Sabemos que é possível renovar o
destino todos os dias. Quem ontem abandonou
os próprios filhos pode hoje afeiçoar-se
aos filhos alheios, necessitados de carinho
e abnegação.
O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do
Apóstolo Pedro (I Pedro, 4:8), adverte-nos
quanto à necessidade de cultivarmos ardente
carinho uns para com os outros, porque a caridade
cobre a multidão de nossos males.

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