sábado, 20 de dezembro de 2008

Crônica do Natal

Desde a ascensão de Herodes, o Grande, que se fizera rei
com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina senão
no Salvador que viria, enfim...
Mais forte que Moisés, mais sábio que Salomão,
mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo
para estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.
Por isso, judeus prestigiosos, descendentes das doze tribos,
preparavam-lhe oferendas em várias nações do mundo.
Velhas profecias eram lidas e comentadas, na Fenícia e na Síria,
na Etiópia e no Egito.
Dos Confins do Mar Morto às terras de Abilena, tumultuavam
notícias da suspirada reforma...
E mãos hábeis preparavam com devotamento e carinho
o advento do Redentor.
Castiçais de ouro e prata eram burilados em Cesaréia, tapetes
primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos eram
importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de
remotos rincões da Pérsia...
Negociantes habituados à cobiça cediam verdadeiras
fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições
dos sacerdotes, e filhos tostados do deserto vinham de longe
trazer ao santuário da raça a contribuição espontânea com
que desejavam formar nas homenagens ao Celeste Renovador.
Tudo era febre de expectação e ansiedade.
Palácios eram reconstruídos, pomares e vinhas surgiam
cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras
e pombos eram tratados com esmero para
o regozijo esperado.
Entretanto, o Emissário Divino desce ao mundo na
sombra espessa da noite.
Das torres e dos montes, hebreus inteligentes recolhem
a grata notícia...
Uma estrela rutila no firmamento.
O enviado, porém, elege pequena manjedoura
para seu berço de luz.
E porque as vozes do Céu se fazem ouvir, cristalinas e jubilosas,
cantam eles também...
- "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!..."
Ali, na estrebaria singela, estão Ele e o povo...
E o povo com Ele inicia uma nova era...
É por isso que o Natal é a festa da bondade vitoriosa.
Lembrando o rei Divino que desceu da Glória à Manjedoura,
reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança,
teu pão e tua veste.
Recorda que Ele, em sua divina magnificência, elegeu por
primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo nada
possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.
Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para
com o próximo somente um dia.
Pouco a pouco, aprenderás que o espírito do Natal deve reinar
conosco em todas as horas de nossa vida.
Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque, em cada
manhã, ouvirás uma voz do Céu a sussurrar-te, sutil:
- Jesus nasceu! Jesus nasceu!...
E o Mestre do Amor terá realmente nascido em teu coração
para viver contigo eternamente.

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