sábado, 20 de dezembro de 2008

Agradece

Agradece as mãos que te constróem a existência, decorando-a com
as tintas da alegria e da esperança, mas endereça os teus pensamentos
de gratidão àquelas outras que te ferem com os espinhos da incompreensão,
ensinando-te a conviver e a servir.

Agradece as vozes que te embalam os anseios, entretecendo hinos
de paz e amor com que te inspiram as melhores realizações, no entanto,
envia as tuas vibrações de reconhecimento àquelas outras que te exageram
essa ou aquela falha, induzindo-te a compreender e a perdoar.

Agradece aos amigos que te proporcionam mesa farta, impulsionando-te a pensar
na abastança da Terra, mas não recuses respeito àqueles que, em algum tempo,
te sonegaram o pão, levando-te a prestigiar a fraternidade e a beneficência.

Agradece aos irmãos que te reconhecem a nobreza de sentimentos,
louvando-te o trabalho, entretanto, não olvides o apreço que se
deve àqueles outros que te menosprezam, auxiliando-te a descobrir
os tesouros da humildade e da tolerância.

Certa feita, um pedaço de carbono sumido no monturo pediu a
Deus o levasse para a superfície da Terra, a fim de ser mais útil.
O Supremo Senhor ouviu-lhe a súplica e determinou fosse ele
detido no subsolo para a devida maturação.

O minério humilde aceitou a resposta e permaneceu na clausura,
por séculos e séculos, suportando a química da natureza com o assalto
constante dos vermes que habitavam o chão.

Chegou, por fim, o tempo em que o Criador mandou arrancá-lo
para atender-lhes aos ideais.
Instrumentos de perfuração exumaram-no a golpes desapiedados
e o lapidário cortou-lhe o corpo, de vários modos, em minucioso burilamento.
Mas quando o carbono sublimado surgiu, de todo, aos olhos do mundo,
Deus o havia transformado no brilhante, que passou a brilhar, entre
os homens, parecendo uma flor do arco-íris com o fulgor das estrelas.

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