segunda-feira, 15 de outubro de 2007

sem fôlego para uma mudez cantada

é preciso magnetizar o corpo da poesia, farta
de ser canção sem canto que lhe aproveite
musicalmente a voz, cansada de ser só fôlego,
mudez cantada num ou noutro gemido
suspiro, grito
é preciso ouvir o poema que diz assim, num repente,
que não escreverá amém a letras espelhadas, sílabas
entrecortadas por tons ausentes de música e dança
é preciso, urgentemente, atentar à fome de ardor
e ameaça da palavra crua. não importam os ardis,
quer ser rodeada - em seu orgulho -, com coragem
eriçada, até o reconhecimento da alegria [séria]
de viver, nos versos, uma dança nua de amor e raiva.

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