terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Louvor do Natal

Senhor Jesus!
Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado,
cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.

Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura com que lhes fulgia as vitórias,
alastravam-se, como rastros da morte, a degradação e a pilhagem, a maldição do
solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.

Levantaram-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e
cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.
Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para
sempre.

Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te
ofertaram esburacada manta, por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor
que te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar.

Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade.
Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime...Buscaste
para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes
favoreciam os vôos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem
propaganda condicionada.

No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos
joelhos amigos, nem das mãos fatigadas a quem te dirigiste na via pública!
A História, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério,
comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado
de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens de
tua epopéia chamam-se “o cego Bartimeu”, “o homem de mão mirrada”, “o servo
do centurião”, “o mancebo rico”, a “mulher Cananéia”, “o gago de Decápolis”, “a
sogra de Pedro”, “Lázaro, o irmão de Marta e Maria”.

Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e
sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem,
chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que
surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a
tranquilidade e a alegria, com bênção de todos.

É por isso que, emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em
prece:
- Salve, Cristo! Os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz
de teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam!...

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