sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Trate com afabilidade a todos

O vizinho que senta a seu lado na condução não é seu inimigo, nem seu
concorrente. Trata-se, sempre, de seu irmão, a quem você precisa
acolher com simpatia. Não procure brigar com ele, para conquistar
maior conforto: dê você mais conforto a ele.
Mesmo insensivelmente, você receberá de volta as vibrações de gratidão
de seu coração.



Melindre ou agressividade?







Melindre tem várias definições. Pode ser definido como amabilidade,
delicadeza no trato, recato, pudor.
No entanto, é quase certo que ao ser utilizado pelas pessoas, o
conceito que expressa é de facilidade de se magoar, de se ofender,
suscetibilidade.
Nesse sentido, tem sido comum a sua invocação, nas relações humanas.
As menores atitudes de um funcionário, de um amigo recebem a
adjetivação imediata.
Por isso, amizades se diluem, desentendimentos acontecem, duplicando
mágoas de um e de outro lado.
Nas várias facetas do trabalho voluntário, melindre tem sido utilizado
para justificar defecções, traições, desajustes e quebra moral de
contratos de voluntariado.
Que ele existe, é verdade. Mas que as pessoas se dão, por vezes, um
valor maior do que verdadeiramente possuem e aguardam tratamento
especial, também é verdade.
No entanto, um outro lado da questão se apresenta e tem sido
esquecido, quase sempre.
Se melindre é a manifestação do orgulho ferido, não menos verdade que
medra, entre as criaturas, muita falta de tato, delicadeza e gentileza.
Em nome de uma falsa caridade, de expressar a verdade, amigos e
companheiros de trabalho se permitem lançar ao rosto do outro tudo que
pensam.
E não medem palavras nas suas expressões. É como se tomassem de pedras
e as jogassem, sem piedade.
E o que esperam é que o outro aceite tudo. Quando o agredido se
insurge, quando toma uma atitude, quando fala de respeito, é tomado
como aquele que se melindra.
Contudo, em nenhum momento o agressor, aquele que foi indelicado e
feroz, se desculpa. Não, ele está certo. O outro é que é portador de
muito orgulho.
Nesse diapasão, vidas honradas de trabalho têm sido literalmente
jogadas no lixo. Servidores de anos têm tido seus esforços
depreciados, como se fossem coisa alguma.



E o que critica maldosamente, o que aponta os erros mínimos é o herói,
a pessoa correta.
Refaçamos os passos enquanto é tempo. Antes de destruirmos valores
afetivos preciosos. Antes de atacarmos instituições centenárias com
folha irrepreensível de dedicação e serviço à comunidade.
Examinemos quantas vezes a culpa nos compete. Quantas vezes teremos
sido nós os provocadores do afastamento de pessoas de nosso convívio.
Ou da instituição a que prestamos serviço. Da nossa família, da nossa
esfera de amizades.
Recordamos que, certa vez, em reunião de trabalho, um voluntário
interrompeu de forma agressiva a fala do coordenador.
Reclamou e reclamou, ferindo e humilhando-o frente aos demais.
O ferido se calou, dolorido. Depois de alguns dias, procurou o
agressor em particular. A sós com ele, expressou a sua mágoa, com o
sincero objetivo de modificar a emoção ferida e apaziguar seu mundo
íntimo.
O interlocutor, em vez de reconhecer a indelicadeza, reverteu a
situação e deu o diagnóstico impiedoso: não houvera agressão de sua
parte. O outro é que se melindrara.
Pensemos nisso. Será que a constatação quase diária de melindre nos
outros não se tornou uma válvula de escape para nós?
Uma desculpa para a nossa rispidez cotidiana, o nosso relaxamento no
trato com o semelhante?
* * *
Quem se melindra, deve trabalhar para se tornar menos suscetível.
Mas quem provoca o melindre não pode se esquecer da lei de caridade,
da afabilidade e da doçura preconizados por Jesus: Bem-aventurados os
mansos e pacíficos.

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